7 segredos para gerir o estresse no trabalho (sem surtar).
São Paulo -
Dependendo da dose, o estresse pode ser um veneno ou um remédio.
Sim, um remédio: pesquisadores da Universidade da Califórnia,
Berkeley, descobriram que a medida certa desse ingrediente pode ser um estímulo
poderoso para o cérebro. Se não for crônico, ele favorece o estado de alerta e
diversas funções cognitivas e comportamentais.
Ainda assim, uma pesquisa da ISMA-BR (International Stress
Management Association no Brasil) divulgada em outubro de 2015, mostra que a
questão continua sendo fonte de problemas - e não de soluções - para a maioria
dos profissionais.
De acordo com o levantamento, que ouviu cerca de 1.000
profissionais nas regiões sul e sudeste, 72% dos brasileiros ativos no mercado
de trabalho sofrem com sequelas desse estado mental.
Entre males mais comuns estão dores musculares (83%), distúrbios
do sono (37%), ansiedade (88%), abuso de medicamentos (58%) e excesso de peso
(28%).
O estereótipo do brasileiro relaxado, alegre e festeiro não é
compatível com a realidade, diz o médico Roberto Aylmer, professor da Fundação
Dom Cabral. Segundo ele, a intensa carga de trabalho e as incertezas trazidas
pela crise econômica são fonte de grande tensão para boa parte dos profissionais
do país.
Sinal vermelho
“Estresse é a adaptação exigida de uma pessoa diante de algo
novo”, explica Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR. “Não é algo que se deva
combater, mas sim administrar”.
Prestar atenção à frequência e à intensidade de alguns sintomas
é essencial para não atingir a queima total das suas energias: o temido
“burnout”.
“Antes de chegar a um estado de esgotamento completo, é preciso
prestar atenção ao ritmo de trabalho e a alguns sinais que o seu corpo e a sua
cabeça começam a dar”, aconselha Ana Merzel, coordenadora do serviço de
psicologia do Hospital Albert Einstein.
Sintomas comuns incluem dores de cabeça, irritabilidade, perda
de qualidade do sono, falta ou excesso de apetite, variações de humor e
“pensamento duplo” - lembrar-se obsessivamente do trabalho quando se está em
casa, e vice-e-versa.
Veja a seguir algumas estratégias para não deixar que o estresse
saia do controle, segundo os especialistas:
1. Priorizar o seu bem-estar físico
Saúde mental e física estão sempre entrelaçadas. Por isso, a
primeira orientação para quem está sofrendo com o estresse é cuidar do próprio
corpo. Alimentação balanceada, sono de qualidade e prática de esportes devem
estar no topo das suas prioridades.
Sete em cada
dez brasileiros sofrem com sequelas do estresse
As atividade físicas, em especial, têm benefício duplo: além
trazerem saúde e longevidade, também são uma ótima forma de descarregar as
tensões acumuladas no trabalho. Outra dica é investir em técnicas de
relaxamento, tais como exercícios de respiração abdominal, explica Ana Maria
Rossi, presidente da ISMA-BR.
2. Ganhar “musculatura” emocional
Como você interpreta as situações que vive com chefes e colegas
de trabalho? De acordo com o médico Roberto Aylmer, o estresse costuma nascer
de dentro para fora: é o nosso modo de enxergar os problemas que os torna
aparentemente insolúveis.
“Procure mudar a sua forma de olhar para o outro, deixando de
vê-lo como uma ameaça”, diz o professor da Dom Cabral. Mudar o seu
posicionamento frente às irritações e preocupações do cotidiano é o primeiro
passo para conquistar mais inteligência emocional e equilíbrio nas suas
relações interpessoais.
3. Buscar um par de ouvidos
Lidar com o estresse não precisa ser uma tarefa solitária. Ela
pode ser muito mais produtiva, aliás, se você encontrar alguém confiável com
quem possa compartilhar o que sente. Ser ouvido por uma pessoa confiável - de
preferência fora do trabalho - é importante para elaborar melhor as suas
questões.
Segundo Ana Merzel, psicóloga do Hospital Albert Einstein, pode
ser indicada a ajuda de um psicoterapeuta ou outro profissional de saúde
mental. Em muitos outros casos, o que falta é uma conversa franca com o seu
chefe ou com alguém do departamento de recursos humanos da sua empresa.
4. Fazer uma gestão inteligente da sua rotina
Para evitar desgastes emocionais desnecessários, é fundamental
construir alianças dentro da equipe. “Se você fizer acordos com as figuras
certas dentro do escritório, provavelmente vai se poupar das disputas e jogos
de poder, diz Aylmer.
Lidar bem com o estresse também depende de uma boa administração
do tempo - tanto do seu próprio quanto do alheio. Técnicas para ter uma agenda
menos abarrotada e reuniões mais produtivas, por exemplo, são fundamentais
nesse processo.
5. Ter objetivos a longo prazo
Trabalhar até as 23h todos os dias é estressante, certo? Depende
do ponto de vista, diz Aylmer. Se essa carga horária se justifica pelas suas
metas de carreira, não necessariamente você sentirá o desgaste.
Por isso, diz o professor da Dom Cabral, um dos melhores
antídotos contra o estresse é a visão de longo prazo. “Se você não trabalha
simplesmente para pagar as contas, mas sim movido por um projeto de futuro,
você vai viver de uma forma mais leve”, afirma ele.
6. Encontrar gratificação fora do trabalho
De acordo com a pesquisa da ISMA-BR, uma das fontes de
insatisfação mais mencionadas pelos profissionais brasileiros é a falta de
reconhecimento por parte de seus superiores.
Uma forma de evitar esse tipo de frustração é buscar recompensas
emocionais fora do escritório, seja por meio de hobbies - desde que eles não se
transformem em uma segunda fonte de renda -, seja com trabalhos voluntários.
7. Mudar o que não funciona
Em certas situações, o único meio de não se esgotar
completamente é o afastamento. “Se você trabalha com algo que suga as suas
energias ou não tem nada a ver com você, é melhor partir para outra”, diz
Merzel.
Nem sempre a mudança precisará ser radical, completa Rossi. Às
vezes, simplesmente trocar de emprego, departamento, cargo ou até de chefe pode
eliminar antigas preocupações e angústias. “Os menores ajustes já podem trazer
um imenso salto para sua saúde e qualidade de vida”, diz ela.
Exame.com
Claudia
Gasparini.
Portal MSN©
Thinkstock/Zurijeta Mulher irritada:
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