Por que a obesidade é um grande fator de risco para o câncer?
Nos EUA, até 2030, o número de casos de câncer na população do país terá um adicional de mais 500 000 somente devido à obesidade
A obesidade tem atingido proporções epidêmicas em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Esse problema tem aumentado rapidamente, e a Organização Mundial da Saúde estima que a incidência global de obesidade tenha mais do que dobrado de 1980 até hoje, atingindo atualmente mais de 600 milhões de pessoas.
Há várias décadas a obesidade tem sido associada ao desenvolvimento de problemas cardiovasculares e de diabetes do tipo 2. Mais recentemente, entretanto, tem se verificado que a obesidade é, também, um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer.
O governo dos Estados Unidos estima que até 2030 o número de casos de câncer na população do país terá um adicional de mais 500 000 somente devido à obesidade.
A incidência de vários tipos de tumor é afetada pelo excesso de peso: câncer do esôfago, da mama, do intestino, do rim, do fígado, do pâncreas, do endométrio, da vesícula biliar, da bexiga e até do cérebro.
E o que é mais grave: além de estarem mais sujeitas a ter a doença, as mulheres obesas com câncer de mama têm uma sobrevida pior, com menos possibilidade de cura. É como se a obesidade acelerasse o crescimento das células malignas.
O mecanismo pelo qual a obesidade aumenta a incidência e a progressão do câncer não é bem conhecido, mas várias hipóteses têm sido estudadas. Inicialmente postulou-se que, entre as mulheres, a obesidade levaria a um aumento dos níveis de hormônio feminino (o que é verdade), estimulando o tecido mamário de maneira contínua.
Notou-se, entretanto, que os tumores de mama que não dependem de hormônio também aumentam de incidência em mulheres obesas, sugerindo que talvez esse não seja o mecanismo principal.
Aparentemente a desregulação do metabolismo do açúcar e da insulina (além de outros fatores associados a esse hormônio teriam efeitos diretos sobre as células, estimulando seu desenvolvimento e sua proliferação.
Esse quadro, chamado de “resistência à insulina”, faz parte da chamada síndrome metabólica, um conjunto de alterações no organismo humano causadas pela obesidade, e seria o responsável pela relação entre obesidade e câncer.
Além disso, as células gordurosas produzem substâncias chamadas de adipocinas que têm efeito marcado sobre a proliferação celular.
Uma pergunta importante: se os pacientes perderem peso após o diagnóstico de câncer, isso melhoraria o prognóstico?
Aparentemente sim. Alguns estudos sugerem que mulheres que perdem peso através de dieta e exercícios após terem sido diagnosticadas com câncer de mama têm melhor sobrevida do que aquelas que mantêm o sobrepeso.
E uma boa notícia: não é preciso uma grande perda de peso para melhorar o prognóstico nesses casos; aparentemente 5% do peso inicial (4 quilos para uma mulher de 80 quilos) já teria um efeito bastante favorável.
Atualmente, um grande estudo americano em mulheres obesas com câncer de mama está sendo feito em cerca de 3 000 voluntárias, metade das quais será submetida a uma combinação de dieta e exercícios para perda de peso.
O resultado desse estudo, que deve ser divulgado em três anos, definirá de maneira exata a influência da obesidade sobre a doença.
O tipo de dieta para perda de peso parece não fazer muita diferença (e há um grande número de regimes da moda atualmente): dietas com restrição de gordura, carboidratos e da quantidade de alimentos, são todas maneiras eficazes de se proteger contra o câncer.
O importante parece ser mesmo a perda de excesso de tecido gorduroso no corpo.
Assim, este é mais um estímulo para você manter seu peso dentro da faixa ideal, através de uma combinação de dieta e exercícios.
Dessa maneira, você estará não apenas se protegendo contra doenças cardíacas e do diabetes, como também melhorando sua qualidade de vida e bem-estar, além de reduzir de forma significativa o risco de desenvolver vários tipos de câncer.
Por: Sergio Simon. 
Revista VEJA online.

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