Proteína pode ser a chave para tratamento de doenças neurodegenerativas, tais como:
Alzheimer, Parkinson, Huntington e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Batizada Nrf2.
Ação da Nrf2 ativa sistema de limpeza dos neurônios, promovendo “faxina” que livra células cerebrais de substâncias que podem levá-las à morte.
Experimento mostrou que proteína livra neurônios de substãncias que fazem com que eles eventualmente morram, característica comum de diversas doenças neurodegenerativas.
RIO - Uma única proteína presente em praticamente todas as células de nosso corpo pode guardar o segredo para o desenvolvimento de tratamentos de diversas doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson, Huntington e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Batizada Nrf2 (do inglês “fator nuclear 2”), a proteína já era conhecida por ajudar nossas células a lidarem com o chamado estresse oxidativo, em que radicais livres podem provocar danos em estruturas celulares, como o DNA, e levar ao aparecimento de doenças como o câncer e problemas cardiovasculares.
Mas experimentos conduzidos por cientistas do Instituto Gladstone, ligado à Universidade da Califórnia em São Francisco, EUA, mostraram que a Nrf2 também atua na proteção de nossos neurônios contra o estresse proteico, ativando um sistema de limpeza que facilita às células cerebrais se livrarem de proteínas defeituosas cujo acúmulo nos meios intra e extracelulares também pode causar danos a elas e, eventualmente, levá-las à morte, característica comum destes males neurodegenerativos.
- Esta proteína foi originalmente descoberta como responsável por mediar a resposta de nossas células ao estresse, especialmente o oxidativo, mas descobrimos que ela tem funções adicionais neste sentido, principalmente nos neurônios – conta Steven Finkbeiner, pesquisador do Instituto Gladstone e líder do estudo, publicado na edição de ontem do periódico científico “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
- Ficamos surpresos em ver como ela tem um papel muito mais importante no combate às proteínas defeituosas nos neurônios do que se pensava, justamente um tipo de estresse celular muito comum nas doenças neurodegenerativas.
Inicialmente, os cientistas testaram ativar a fabricação em excesso da Nrf2 em células de dois modelos de laboratório do mal de Parkinson, em que neurônios criados a partir de células-tronco carregam mutações que os fazem produzir versões defeituosas de duas proteínas, chamadas LRRK2 e alfa-sinucleína.
- A superexpressão da Nrf2 nos modelos celulares do mal de Parkinson resultou em efeitos enormes. Na verdade, ela protegeu as células contra a doença melhor do que qualquer coisa já encontrada – destaca Finkbeiner.
Diante de resultados tão bons, os pesquisadores decidiram então repetir o procedimento em modelos de outros males degenerativos, obtendo benefícios equivalentes.
- Em nosso laboratório, temos muitos modelos de doenças neurodegenerativas. Assim, quando descobrimos algo benéfico no modelo de uma doença, experimentamos no de outra – diz Finkbeiner. - Testamos a Nrf2 em modelos de Huntington, Alzheimer e ELA e foi a estratégia mais protetora que já encontramos em todos eles.
Finkbeiner ressalva, porém, que como a Nrf2 é o mecanismo ativador de muitos processos celulares fundamentais em vários tecidos do corpo, a simples superexpressão da proteína em si não é um bom alvo para o desenvolvimento uma terapia abrangente contra males neurodegenerativos, podendo inclusive ter efeitos perigosos no nível de um organismo completo.
Assim, os pesquisadores agora estão estudando quais são as vias biológicas neuroprotetoras ativadas pela proteína em busca de algum ponto no meio do caminho que seja mais fácil, e seguro, de ser atingido por um eventual tratamento.
- Precisamos descobrir qual é o programa que esta proteína ativa para proteger os neurônios e já estamos trabalhando nisso – conta.
- É difícil prever o futuro, mas estou animado com o potencial desta estratégia para o desenvolvimento de tratamentos contra estas doenças, um desafio importante no mundo atual com o envelhecimento da população. Posso dizer então que estou conscientemente otimista que encontraremos potenciais alvos para estas terapias.
Latinstock.
Jornal O GLOBO online. POR CESAR BAIMA.

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