Por que estamos dormindo
tão mal?
Segundo a OMS, a insônia já afeta 40% dos brasileiros. E cerca de 11
milhões dependem de remédios para pegar no sono.
Dormir uma noite inteira e por pelo menos oito horas diárias tornou-se
uma tarefa quase impossível para grande parte dos brasileiros.
A rotina agitada, o acesso
permanente aos celulares e redes sociais e o estresse diário são fatores que
estão piorando a qualidade do sono e ocasionando cada vez mais insônia.
O número é alarmante.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% da população sofre com o
problema.
O distúrbio ocorre com mais frequência em mulheres e pode piorar após a
menopausa. Além disso, as mudanças no comportamento da sociedade estão
acontecendo cada vez mais cedo, não há rotina na hora de ir para a cama e
trocar o dia pela noite está virando um hábito.
“Há muitos estímulos. Contas a pagar, compromissos de trabalho. As pessoas
ficam em alerta o tempo todo”, explica a médica Dalva Poyares, especialista em
tratamentos de distúrbios do sono da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp).
O problema é que, mesmo assim, muita gente protela a busca de ajuda. A
demora é um dos principais fatores que favorecem o uso excessivo de remédios
para pegar no sono.
Mais de 11 milhões de
brasileiros, o equivalente a 7,6% da população, usam medicamentos para dormir.
Foi o caso da coordenadora administrativa Keitch Gonçalves, 41 anos. Ela
recorria a relaxantes musculares (um de seus efeitos colaterais é dar sono)
para tentar ter algumas noites de descanso.
No dia seguinte, os efeitos: dor de cabeça, irritação, cansaço. Durante
uma semana, ela chegou a dormir apenas uma hora por noite. “Tinha medo de ir
para cama. Olhava e ia ficando nervosa”, diz.
Há um mês, Keitch procurou o Instituto do Sono da Unifesp. Ela já voltou
a dormir sete horas todas noites.
Seu tratamento é baseado em terapia cognitivo-comportamental, na qual o
indivíduo é estimulado a mudar comportamentos.
INSÔNIA
No caso da insônia, o objetivo é
eliminar rotinas como assistir TV ou ficar no celular antes de dormir e
diminuir o uso de cafeína ao
longo do dia, entre outras.
Em alguns casos, como o de Keitch, indica-se ainda o uso da melatonina
(hormônio que regula o ciclo circadiano e que tem por finalidade sinalizar ao
cérebro que é necessário diminuir a atividade física e mental).
Nesse campo, a novidade é a autorização, pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, da produção da ramelteona. A medicação estimula o sistema
nervoso central a produzir mais melatonina.
O remédio, já usado nos Estados Unidos e na Europa, tem ação rápida.
“Ele é muito potente”, afirma a médica Andrea Bacelar, presidente da Associação
Brasileira do Sono. Espera-se que a droga esteja disponível até o fim do ano.
Priscila Carvalho.
OPÇÕES
A médica Dalva,no Instituto do Sono da Unifesp: tratamentos ajudam no
descanso (Crédito: Kandrade).
Revista
ISTOÉ online.
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