O FILME: “BRUNA SURFISTINHA” NÃO É SÓ PICANTE, MAS ENGRAÇADO.
Cinco prostitutas começam a conversar no cabeleireiro. Uma está com touca de luzes, a outra, com bobes, uma terceira, cheia de pacotinhos de papel alumínio pendurados à cabeça. Elas começam a gemer, igual fazem quando estão com seus clientes. “Os homens gostam mesmo quando a gente goza”, diz uma delas. A gemação não para, as demais clientes do salão reclamam, a gerente pede que as prostitutas parem. Começa o barraco e todas saem correndo, com os cabelos daquele jeito. A sequência é hilária.
Bruna Surfistinha tem uma veia cômica forte, ainda que, a princípio, as pessoas pensem se tratar de um filme de sacanagem. Ele tem cenas bemmmm picantes, mas quer contar a história e os dramas de Raquel, uma garota que sumiu de casa para trabalhar num muquifo como prostituta. Ali ela virou Bruna, e, depois, Bruna Surfistinha. Ficou famosa, fez um blog e bombou. Isso todo mundo sabe.
Marcus Baldini, o diretor, quis fazer ficção, ainda que baseado em uma história real. “Sempre tentei pegar os valores dessa história e construir o roteiro em cima disso”, afirma. “Eu nunca tive a pretensão de fazer um filme biográfico, que contasse tudo certinho… a atriz não tinha que ser parecida”, diz.
De fato, Deborah Secco, a protagonista, não tem nada a ver com Raquel – ela é muito mais sensual, e bela. E até por isso foi preterida pelo diretor. “Lá atrás, o nome dela sempre era colocado por uma questão mais sensual. E eu tinha uma certa resistência por isso”, diz Marcus. Para ele, Deborah Secco era muito midiática e ele não queria aliar seu filme a um nome famoso que era só sensualidade. Para ela, isso era bom, porque poderia então mostrar o seu lado atriz. Os dois se entenderam, e Deborah mostrou que há mais do que sensualidade atrás daquele corpão.
Ela não teve problemas para fazer as cenas de sexo, sua desenvoltura no set foi ótima, segundo me disse o roteirista José Carvalho. “As cenas (de sexo) têm importância muito grande para cada momento (da vida da personagem), de dor, vitória, da transformação da Raquel em Bruna”, afirma Deborah. Segundo ela, é uma vida que “não é fácil”. “Se a gente não conseguisse tocar o espectador sem que ele se sentisse incomodado… de ter sete, oito homens em cima de você por dia…”, diz ela. A intenção não é florear a história de uma prostituta, mas mostrar sua dura realidade.
Apesar da notoriedade da Bruna real, Deborah não leu seu livro, tampouco o blog. Sabia apenas quem era a garota, havia visto parte de uma entrevista em que ela foi chamada de prostituta mais famosa do Brasil. “E isso foi importante, não me envolver com o livro, com o blog. O roteiro era minha base, minha verdade. Se tivesse lido o livro, se tivesse outra interferência, entenderia o roteiro de uma forma diferente.”

A atriz afirma que nada daquilo que o espectador vai ver na tela é dela. “Da minha real sensualidade não tem nada. Foi tudo descoberto, composto e interpretado. Eu construí a Bruna bem distante da Deborah”, diz. Ao menos pernas, peitos, coxas e bumbum é tudo dela. E isso os marmanjos vão gostar.
Bruna Surfistinha estreia na sexta, dia 25, em pelo menos 350 salas de cinema do país. E, como o livro foi traduzido para 15 idiomas, o filme tem potencial para arrebanhar fãs pelo mundo. Depois das estreia nacional, o filme será lançado no estrangeiro.
Laura Lopes cinema. Revista ÉPOCA.

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