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Poucas pessoas hoje sabem, mas basta uma pesquisa nos arquivos do jornal para descobrir que “Gabriela cravo e canela” foi ao ar pela primeira vez em 1961. Era um seriado dirigido por Maurício Sherman (atualmente comandando “Zorra total” na Globo) na TV Tupi.

No elenco, além do próprio Sherman, estavam Paulo Autran, Glauce Rocha, Grande Otelo, Sueli Franco, Oswaldo Loureiro, Jece Valadão, Milton Moraes, Oduvaldo Vianna Filho entre outros nomes de grande calibre.

Numa reportagem publicada aqui no GLOBO em 1975, Sherman contou: “Somente Jeannette Vollu, escolhida para fazer Gabriela, não era boa atriz, mas uma tremenda mulher, exatamente a Gabriela do romance.

Foi escolhida por uma comissão da qual faziam parte Jorge e Zélia Amado. Era a Gabriela imaginada por ele, um personagem antes de tudo passivo”. Jorge Amado participou da adaptação e apoiou o projeto como pôde, afirmou Sherman na reportagem.

Ou seja: um aval e tanto. “Gabriela cravo e canela” foi ao ar às terças e quintas-feiras em cerca de 40 capítulos de 20 minutos e sem intervalos comerciais.

E chegou a obter bons números no Ibope. Como não se editava o VT, a gravação era feita direto do início ao fim. Sobre isso, disse Sherman ainda: “Se acontecia de algum ator errar algo já no final, tínhamos que regravar tudo, era uma tragédia”.

É ou não espinhosa a missão de Juliana Paes, a Gabriela do remake de Walcyr Carrasco que estreou essa semana? Sua personagem é uma moça intocada pela ordem social, um free spirit por excelência, uma página em branco, sensual, mas sem maldade.

Mas, na vida real, é tudo ao contrário. Nada de página em branco: Juliana já estreia carregando o peso de outras Gabrielas. E que Gabrielas. A primeira escolhida pelo próprio Jorge Amado. A segunda, de Sonia Braga, até hoje identificada na memória do público como “a” Gabriela.

Diferentemente de Juliana, em 1975, Sonia era pouco conhecida e explodiu com a novela de Walter Jorge Durst. Esse fato — aliado ao seu talento e imenso carisma da atriz — colaborou para tamanho êxito.

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