Correios terão programa de demissão como parte de reestruturação.
Expectativa
é cortar até 8 mil dos mais de 117 mil funcionários.
BRASÍLIA - Os Correios vão implantar um plano de demissão
voluntária com expectativa de cortar até 8 mil servidores do seu quadro de
117,4 mil funcionários, como parte de um programa de reestruturação da
companhia.
Segundo Guilherme Campos, presidente da estatal, o programa de
demissões deverá ser formalizado nos próximos dias, com foco principal em servidores
de áreas administrativas com mais de 55 anos, já aposentados ou com tempo de
serviço para requerer a aposentadoria.
O programa de demissão será permitido financeiramente pela
tomada de um empréstimo de R$ 750 milhões dos Correios junto ao Banco do Brasil,
que, segundo Campos, já “está bem encaminhado”, mas que depende de autorização
do ministério do Planejamento.
A previsão é que as indenizações variem conforme salário e tempo
de casa e estejam disponíveis até abril de 2017. Segundo o executivo, o programa
terá impacto também no fundo Postalis, dos servidores do setor, que passa por
dificuldades financeiras.
— O Postalis vai ter que dar uma reboladinha — afirmou.
A folha de pagamentos dos Correios corresponde a cerca de dois
terços dos custos da companhia, segundo Campos. O programa de demissão poderá
implicar economia de R$ 1 bilhão por ano à companhia.
No ano passado, os Correios apresentaram prejuízo de R$ 2,1
bilhões e, neste ano, segundo o presidente, deverá ficar abaixo de R$ 2
bilhões.
— Se não funcionar o programa de demissão, medidas mais duras
terão de ser tomadas na sequência — disse Campos.
Os Correios também vêm negociando com servidores revisões sobre
o plano de saúde dos funcionários, que deverá avançar até 2017, como meta para
redução de mais custos para a companhia.
De acordo com o presidente, os Correios solicitaram ao governo
federal um aporte de capital de R$ 840 milhões, que pode chegar ao fim em 2017,
para resolver a situação de seu caixa.
— Pedimos aos controladores aumento de capital e nosso
controlador maior não sinalizou de maneira positiva a esse aporte — disse.
Segundo Campos, continua em curso a recomposição de tarifas dos
Correios. Neste ano, os valores já subiram ao redor de 18% e a estatal continua
negociando com o governo novos aumentos.
— Há quanto tempo vocês não recebem uma carta ou um cartão
postal de alguém? A atividade do monopólio que os Correios têm sobre o mundo
postal. Com isto (um aparelho celular), está fazendo assim (sinal de
desaparecimento com as mãos).
A meta da empresa é aumentar sua participação em transporte de
encomendas, em que há concorrência efetiva com outras empresas.
Os Correios contrataram a consultoria Accenture para preparar um
conjunto de medidas para recuperar a empresa da sua situação de prejuízos
acumulados e dependência do aumento de tarifas. Segundo a estatal, a Lei das
Estatais, de junho, exige a atualização de estratégias pela empresa.
— É uma consultoria de conhecimento internacional na atividade
postal, para sairmos do monopólio da correspondência, para a concorrência da
encomenda, reestruturando toda essa mudança — destacando que a consultoria foi
contratada hoje.
Entre os objetivos da consultoria está a revisão do plano
estratégico da empresa e a metodologia de orçamento base zero. A consultoria
custará R$ 29 milhões e trabalhará ao longo de 30 meses.
Os Correios também estão fazendo uma reforma de distribuição
aérea de seus produtos, com concentração no aeroporto de Viracopos, em
Campinas, e continua a avaliar o investimento em companhias aéreas, que ficaram
travadas no Tribunal de Contas de União (TCU).
POR DANILO
FARIELLO
Jornal O
GLOBO online.
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