Colônias de formiga são
enormes micaretas. Elas fazem transmissões boca a boca o tempo todo, com todas
as primas e filhotes da colônia.
Esses beijos são chamados de trofalaxia e não são muito
românticos: através deles, as formigas transmitem comida regurgitada para
alimentar umas às outras. Mas uma pesquisa recente mostrou que esse
beijo-vômito tem funções muito maiores que a alimentação.
Teste de paternidade
Os pesquisadores desconfiaram que os beijos babados das formigas
iam além da alimentação quando viram que a primeira coisa que uma formiga
isolada do ninho faz quando encontra outra formiga é tascar-lhe um beijão.
Através do boca-a-boca, algumas substâncias contidas no fluido
funcionam como uma “certidão” da colônia de origem da formiga – tanto que o
comportamento dos indivíduos depois do beijão é diferente quando se trata de
formigas parentes ou de colônias diferentes.
Engenharia genética
No filme Gattaca, os pais podem escolher dar um up no DNA dos
seus filhos, otimizando genes de altura, de inteligência e de saúde. As
formigas fazem tudo isso através beijando seus recém-nascidos – e a hierarquia
da colônia também é formada por esse processo.
Funciona assim: a baba do beijo formigueiro carrega proteínas
que regulam o crescimento e o chamado “hormônio juvenil”, essencial para o
desenvolvimento de larvas.
O hormônio juvenil é conhecido por prever o destino das
formigas. Aquelas que têm uma dosagem menor dele se tornam pequenas operárias.
Com maiores dosagens, elas vão crescendo até se transformar em soldados ou até
rainhas.
Os cientistas sabem disso porque isolaram o hormônio em
laboratório e testaram doses diferentes nas formigas.
O que a nova pesquisa mostra, no fim das contas, é o seguinte:
num formigueiro real, pode ser que esse hormônio seja transmitido pela boca das
formigas adultas para as larvas.
Assim, a dosagem hormonal seria determinada pelo formigueiro
enquanto comunidade – e o equilíbrio hierárquico entre formigas de diferentes
castas seria administrado e gerido pelo beijo-vômito.
Dessa forma, os pesquisadores acreditam que o boca a boca das
formigas tenha uma função de comunicação parecida com a do leite nos mamíferos
– nos humanos, a amamentação também carrega uma série de hormônios que ajudam a
firmar a conexão entre mãe e filhote (caso da ocitocina).
Outra curiosidade que surge a partir do estudo diz respeito a
outros fluidos corporais. Se o regurgitado da trofalaxia, que já tinha uma
finalidade estabelecida há anos, era muito mais rico do que a ciência
imaginava, é possível que existam funções paralelas para fluidos como a saliva,
por exemplo – o que ajudaria a explicar cientificamente porque os humanos
gostam tanto de se beijar.
Superinteressante.
Ana Carolina Leonardi
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formigas-se-comunicam-beijando-na-boca.
Portal MSN.
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