Quer
o dia com mais horas? Ele está ficando mais longo, diz estudo.
O
movimento de rotação da Terra está se tornando mais lento e, a cada século, o
dia fica 1,8 milésimos de segundo maior
Operários
subiram no Big Ben, em Londres, para limpar uma das quatro faces do relógio
mais famoso do mundo. Equipados com cordas e protetores auriculares, os
técnicos literalmente escalaram o campanário do Palácio de Westminster, sede do
Parlamento britânico.
Para
quem reclama que o dia é curto, uma boa notícia: a natureza está tentando
aumentá-lo. O ritmo, porém, é bastante lento. De acordo com registros
compilados por cientistas, nos últimos 3.000 anos os dias ficaram 1,8 milésimos
de segundo mais longos a cada século.
Ou
seja, em 3,3 milhões de anos, os dias terrestres terão um minuto a mais (e, em
2 milhões de séculos, uma hora a mais). Segundo estudo feito por cientistas
britânicos e publicada nesta quarta feira no periódico científico Proceedings
of the Royal Society, o movimento de rotação da Terra está se tornando mais
lento, razão por que os dias se tornam maiores.
Com
os novos cálculos, os autores descobriram ainda que a taxa foi
“significativamente menor” do que a de 2,3 milésimos de segundo por século
estimada anteriormente – que requeria “apenas” 2,6 milhões de anos para
adicionar um minuto ao dia.
“É
um processo muito lento”, disse à o
autor principal do estudo, Leslie Morrison, astrônomo aposentado do
Observatório Real de Greenwich, no Reino Unido, à Agência France-Presse.
“Essas
estimativas são aproximadas, porque as forças geofísicas que operam na rotação
da Terra não serão necessariamente constantes durante um período tão longo de
tempo. A interferência de Idades do Gelo, por exemplo, interromperá essas
simples extrapolações.”
Dias
mais longos
Para
o novo estudo, Morrison e sua equipe reuniram relatos de eclipses e outros
eventos celestes de 720 a.C. até 2015. Os registros mais antigos foram tábuas
babilônicas, feitas em escrita cuneiforme, junto com textos antigos gregos,
chineses, europeus e árabes, descrevendo eclipses do Sol e da Lua.
Os
pesquisadores inseriram os dados em modelos de computador e estimaram onde os
eventos teriam sido vistos se o movimento de rotação da Terra permanecesse
constante.
A
diferença entre os resultados dados pelos modelos e os registros mais recentes
forneceram o quanto o movimento de rotação da Terra se modificou – 1,8
milésimos de segundo mais lento por século.
“Esta
discrepância é uma medida de como a rotação da terra vem variando desde 720
a.C”, quando as civilizações antigas começaram a manter registros dos eclipses,
escreveram os autores.
Os
fatores que influenciam a rotação da Terra incluem o efeito da gravidade, as
alterações no formato do planeta devido ao derretimento das calotas polares
desde a última Idade do Gelo, as interações eletromagnéticas entre o manto e o
núcleo terrestre e as mudanças no nível médio do mar, segundo os pesquisadores.
A
estimativa anterior de 2,3 milésimos de segundo havia sido baseada em cálculos da atração gravitacional
lunar, responsável pelas marés na Terra.
A
desaceleração do movimento de rotação do planeta é a razão pela qual os
cronometristas do mundo têm de ajustar os relógios de alta precisão de anos em
anos para garantir que eles permaneçam em sincronia com a rotação do nosso
planeta.
Às
vezes, para ajustá-los, alguns dias ganham um segundo a mais, como em 30 de
junho de 2015.
Foto: (Ben Stansall/AFP/AFP/AFP/AFP/AFP)
Revista VEJA online.
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