BANDIDAGEM POR TODOS OS LADOS
Durval responde a mais de 30 processos, sob a acusação de desvio de dinheiro que começou na gestão de Roriz e continuou no governo de Arruda.
 Quando soube que estava na mira da PF e do Ministério Público, em 2009, morava em um pequeno apartamento e optou pelos favorecimentos da delação premiada. Assim, entregou as fitas que levaram ao Mensalão do DEM e evitou ir para a cadeira.
 O problema é que Durval não disse tudo o que sabia nem divulgou tudo o que tinha. Só agora é que começa a entregar os aliados de Roriz, embora tenha gravado a fita envolvendo a deputada Jaqueline em 2006, por exemplo. “É estranho o fato de que essas gravações sejam reveladas somente agora”, disse o presidente da Câmara, deputado Marco Maia.
 Na Polícia Federal, a aposta é de que durante esse período Durval tenha chantageado antigos parceiros. Em maio de 2010, após a Operação Caixa de Pandora, ele foi morar numa mansão na Estância Jardim Botânico, uma das áreas mais nobres de Brasília, avaliada em R$ 5 milhões. No mesmo período, Kelly teria vendido um apartamento de R$ 1,3 milhão na Superquadra 103 Sul. E, nos últimos meses, o protegido delator é visto em restaurantes caros e festas badaladas, sempre acompanhadas por seguranças.
Diante de tanta desfaçatez, esta semana o Ministério Público deverá pedir judicialmente o cancelamento do benefício da delação premiada que hoje protege Durval, medida que conta com o apoio da Câmara dos Deputados e da Ordem dos Advogados do Brasil. Na outra ponta do caso, a ainda deputada Jaqueline Roriz deu uma desculpa esfarrapada para o flagrante de corrupção: “Esse dinheiro foi ajuda para a campanha de deputada distrital em 2006”, tentou se justificar da mesma maneira usada pelos mensaleiros do PT.
Desmoralizada com a exibição da cena escandalosa, a filha de Roriz tenta de todas as formas salvar o seu mandato. Seu principal argumento é de que um deputado não pode ser condenado por ilícitos praticados em outra legislatura. Isso é o que prevê hoje o Código de Ética, que dá aos parlamentares uma prerrogativa que o cidadão comum não tem. Fora do Parlamento, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a abertura de inquérito no STF para investigar a deputada. Por enquanto, Jaqueline limitou-se a renunciar à vaga na Comissão da Reforma Política.
Seria inadmissível que, depois do vídeo, ela participasse das discussões sobre a revisão das instituições políticas do País. Qualquer que seja o desfecho do episódio, uma coisa é certa: Durval Barbosa e Jaqueline Roriz simbolizam práticas que devem ser banidas da política brasileira
Revista ISTOÉ

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