MADEIRAS DE SANGUE
 Indústria do desmatamento ilegal avança para áreas intocadas da floresta amazônica e atinge território de índios isolados.
Indústria do desmatamento ilegal avança para áreas intocadas da floresta amazônica e atinge território de índios isolados.
O desmatamento ilegal na Amazônia tem crescido de forma acelerada nas últimas décadas e avança cada vez mais para dentro da floresta, chegando agora a territórios até então intocados onde vivem diferentes comunidades de índios isolados.
Uma das regiões mais afetadas pela ação ilegal de madeireiros é uma área onde vive o povo indígena awa, no Maranhão, segundo um relatório da Funai, de 2010. O documento, ao qual a reportagem da Carta Capital teve acesso, aponta dados alarmantes.
 O levantamento informa que 31% dessa terra indígena foram devastados pelo desmatamento ilegal – o maior na região durante o período.
Outras comunidades sofrem com a destruição criminosa da mata. Imagens divulgadas pela Funai há algumas semanas mostram índios isolados que estão migrando para o Acre afugentados pela presença de madeireiros no lado peruano da fronteira.
E o encontro com as comunidades indígenas brasileiras não tem sido tranqüilo. Desde 2006, aldeias são alvos de ataques e saques – tudo regado a uma boa porção de flechadas.
É o caso dos kaxinauás que vivem às margens do rio Humaitá, uma das áreas onde o desmatamento no Estado é mais intenso.
Vítimas de sucessivas investidas, os indígenas do Acre, perplexos com o fenômeno que colocou índio contra índio, apelidaram os novos vizinhos de “os brabos”. De fato, nômades e ariscos, os ‘isolados’ não parecem nada dispostos a fazer amizade.
“Eles roubam as aldeias e comunidades ribeirinhas, levam machados, facões e qualquer outro utensílio que possa ser usado como arma”, conta o indígena, Nilson Tuwe Huni Kui, integrante da comunidade kaxinauá e presidente da Associação dos Povos Indígenas do Rio Humaitá.
A explicação para tanta animosidade provavelmente está na violência que fez os isolados saírem em fuga mata adentro (em alguns casos, sob a mira de armas), a procura de paz e, prudentemente, mais isolamento.
Segundo afirma Elias Bigio, coordenador geral de Índios Isolados da Funai, desmatamento é apenas uma das ameaças. “Além da exploração de madeira, tem o avanço da soja, a mineração, prospecção de petróleo e gás, e o narcotráfico.”
O tema ganhou destaque mundial nas últimas semanas com a exibição de um documentário da série “Human Planet” da BBC. O filme, produzido com a colaboração da Funai, foi realizado durante um sobrevôo, encomendado pela emissora britânica, pelo território em que vivem os isolados do Peru.
CARTACAPITAL.

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