VOLTA ÀS AULAS. RETORNANDO A ROTINA.
Tasso da Silveira ganhará posto de primeiros socorros e inspetores.
        RIO - A secretária municipal de Educação, Claudia Costin, se reuniu na manhã desta segunda-feira com uma comissão de dez pais que representa todos os responsáveis por alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo.
       A secretária afirmou que as principais reivindicações dos pais foram acatadas. As prioridades apontadas pelos responsáveis foram a presença de um psicólogo permanente na escola, a segurança feita por guardas municipais, a instalação de um posto de primeiros socorros, a contratação de inspetores e uma atenção maior a alunos que possam ter um comportamento apático e até influenciado por Wellington Menezes de Oliveira, autor dos disparos que mataram 12 crianças.
      Segundo a secretária, o posto de primeiros socorros pode ficar pronto em três semanas e será integrado ao Programa de Saúde da Família e às UPAs.
       Claudia Costin afirmou ainda que dois inspetores devem começar a trabalhar na escola na semana que vem.
      Ela informou que foi publicado no Diário Oficial de hoje o abono das faltas dos professores e funcionários da rede municipal na quinta, dia 7, e na sexta-feira, dia 8.
      Quinze jovens da Escola Municipal Nicarágua, também em Realengo, estão na Tasso da Silveira para recepcionar os alunos do 9º ano.
      - Funciona muito melhor jovem falando com outro jovem - disse a secretária.
Escola recebe 20 pedidos de transferência.
      A escola municipal recebeu 20 pedidos de transferência em apenas quatro dias, segundo o diretor Luís Marduk. O diretor disse, contudo, que alguns pais já desistiram da intenção de tirar os filhos da escola, que nesta segunda-feira reabriu para parte dos seus 1.172 alunos.
      Renata dos Reis Rocha, de 35 anos, esteve no colégio na manhã desta segunda-feira para pedir o histórico e a transferência da filha Brenda Rocha Tavares, de 13 anos, que está internada no Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), devido aos ferimentos causados pelos tiros. Ela é irmã gêmea de Bianca Tavares, que morreu na tragédia.
      - Minha filha viu a irmã morrer e está muito nervosa, não quer voltar para a escola de jeito nenhum. Mas não vou deixar ela perder o ano - disse Renata.
Neste primeiro dia, apenas atividades culturais.
      A expectativa é de que os estudantes voltem à rotina gradativamente. Segundo a Secretaria municipal de Educação, não há prazo para as aulas retornarem à rotina habitual.
      Os professores e a direção do colégio recepcionarão os alunos do 9º ano, que realizarão apenas atividades culturais e lúdicas, como a criação de mosaicos e a pinturas de paredes.
       As tarefas poderão ser acompanhadas pelos pais. Uma equipe de psicólogos estará a postos no local para dar apoio à comunidade escolar.
      - Eu não vou parar de estudar por conta do que houve - diz M.V.S, aluno do 5º ano, que, no dia da invasão, refugiou-se com os colegas e a professora em uma sala do 3 andar.
      Andrea Tavares, mãe de T.T.M., de 13 anos, que continua internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, diz que a filha terá a chance de escolher se quer permanecer ou não no colégio.
      - Não quero decidir isso por ela. Tenho uma outra filha que, por sorte, perdeu o horário da aula no dia da tragédia. Essa já decidiu que vai continuar lá - afirma Andrea.
      Segundo a mãe, T.T.M., baleada no braço e na cintura, foi operada às pressas no Hospital Estadual Albert Schweitzer no dia 7 e, em seguida, transportada de helicóptero para o Hospital Adão Pereira Nunes. Andrea conta que sua filha teve uma infecção nos pontos internos do abdômen, obrigando-a a enfrentar uma nova cirurgia no sábado.
       Ela diz que a menina está lúcida e que se recupera bem, mas que não há previsão de alta.
      - Voltar para o colégio vai depender da vontade dele. É a melhor escola da região. Gostaria que ele voltasse. Por aqui, não temos opções de bons colégios - conta a cabeleireira Carla Daniele Vilhena de Souza, diante do enteado, Carlos Matheus Vilhena de Souza, que levou um tiro de raspão.
Paes abona falta de professores municipais no dia do massacre.
      O prefeito Eduardo Paes publicou, no Diário Oficial desta segunda-feira, um decreto abonando as faltas dos servidores da Secretaria Municipal de Educação, nos dias 7 e 8 de abril, por conta do massacre. De acordo com o texto do decreto, para abonar as eventuais faltas nos colégios, a prefeitura levou em consideração o impacto causado pelo ataque aos alunos em professores e funcionários administrativos.
Vinícius Lisboa e O Globo

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