POR QUÊ ELA MATOU?
A turbulenta história de Verônica de Paiva pode ajudar a entender como uma linda jovem de classe média se torna uma assassina.
Uma jovem linda, 18 anos recém-completados, loira, 1,73 m, olhos claros e um corpo de parar o trânsito. Na sociedade que tanto valoriza a apresentação física, Verônica Verone de Paiva tinha todos os requisitos para conseguir um bom casamento ou um bom emprego.
Entretanto, ela agora está temporariamente encarcerada numa minúscula cela de Bangu 7, presídio na zona oeste do Rio de Janeiro, por ter confessado o assassinato do amante, o empresário Fábio Gabriel Rodrigues, 15 anos mais velho (foto na pág. ao lado). O crime aconteceu na madrugada do sábado 14, no motel Status, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Mas o que aconteceu durante as quatro horas em que o casal permaneceu na suíte 143 é o grande mistério sobre o qual a polícia carioca se debruça agora. Verônica disse que enforcara o amante, um homenzarrão de 1,90 m e quase 100 quilos. O laudo preliminar da perícia, porém, constatou que “não havia sinais externos de estrangulamento no pescoço da vítima.” Ou seja, ela mentiu. E, ao que parece, essa é apenas a primeira mentira contada pela garota.
Seu histórico é repleto de armações. Para se restringir ao relacionamento com a vítima, amigos contam que ela provocou o fim do casamento de quase dez anos do empresário, pai de dois filhos. “Escondida, Verônica pegou o celular dele e ligou para a mulher do Fábio contando tudo”, revelou o frentista João Paulo Firmino, o Juninho, 25 anos, amigo do empresário.
O que era um caso episódico virou um inferno para a família. A jovem passou a telefonar ameaçando o amante e os filhos dele. Dizia que, se ele não fosse dela, não seria de mais ninguém. “Teve um mês em que ela telefonou 140 vezes para o meu tio. Ele falava que não queria mais nada, mas ela não desistia”, contou o sobrinho Eduardo Barroso.
A mulher de Rodrigues pediu o divórcio e deixou, assim, o caminho livre para Verônica, que passou a ser vista cada vez mais com o empresário, dono de um lava-jato e de uma empresa que aluga máquinas de terraplanagem para obras públicas.
Toda a família de Verônica vivia à custa da pensão do avô, que deixou de ser paga no ano passado.
O relacionamento, porém, não era um namoro oficial. Rodrigues era mulherengo. “Era o cara das mulheres, no plural mesmo”, afirmou Juninho, parceiro de noitadas.
O relacionamento, porém, não era um namoro oficial. Rodrigues era mulherengo. “Era o cara das mulheres, no plural mesmo”, afirmou Juninho, parceiro de noitadas.
E a própria Verônica disse à polícia que tinha dois outros namorados e uma namorada. Mas, segundo a família da vítima, ela ficou possessa ao flagrá-lo, recentemente, com outra mulher. “Falou que ia acabar com a vida dele. E fez isso mesmo, por perversidade”, afirmou a irmã dele, Rosemary Barroso.
Verônica, caçula de quatro irmãos, cresceu num ambiente altamente conflituoso. O pai, Paulo Paiva (falecido por problemas cardíacos em 2010), vivia drogado e a mãe, Elizabeth, é extremamente religiosa e frequenta uma igreja evangélica. Para tentar justificar seu crime, Verônica disse, na delegacia, que fora vítima de tentativa de abuso sexual do pai, entre os 7 e os 8 anos. Toda a família vivia à custa da pensão, em torno de R$ 20 mil, deixada pelo avô paterno, que era juiz.
Porém, com a morte de Paiva, a pensão acabou e eles ficaram na penúria. Para a irmã do empresário, Rosemary, o dinheiro foi o motivo pelo qual ela se aproximou dele. “A relação deles era de interesse. Fábio queria sexo e Verônica, os prazeres que o dinheiro pode proporcionar.”
Os amigos acham que Rodrigues não percebeu quanto ela era perigosa. Mas se checasse sua página em um site de relacionamentos teria visto que ela seguia comunidades como “Profile de Gente Morta”, “Desista, você perdeu ele pra mim” e “As máscaras sempre caem”. A máscara de Verônica, entretanto, ainda não caiu. São muitas as contradições de seus depoimentos e a polícia investiga detalhes para saber, inclusive, se ela agiu sozinha.
No dia do crime, Rodrigues teria bebido muito. Quando passou na casa da jovem, segundo depoimento da própria, a mãe dela chegou a tomar-lhe a garrafa de vodca das mãos. Isso teria feito com que ele, num arroubo de raiva, ingerisse um pouco de desinfetante.
NO XADREZ
Verônica de Paiva sendo presa: versão
de enforcamento não bate com o que diz a perícia.
Dali, ambos foram para o motel onde, ela conta, ele também teria consumido maconha e cocaína. A tese da defesa é de que Verônica teve um surto quando o empresário tentou tocá-la. “Nesse momento, ela se viu como a garota de 7 anos vítima do abuso sexual e ele, Fábio, o abusador”, disse o advogado dela, Rodolfo Thompson, acrescentando que ela é dependente de remédios psiquiátricos por sofrer de síndrome do pânico.
Na sequência, Verônica o teria empurrado e enforcado, uma vez que ele estaria desacordado devido à queda, à bebida e às drogas. “Apesar de não haver indícios, não descartamos a hipótese de haver uma terceira pessoa no quarto”, afirmou a delegada Juliana Rattes. Mistérios que só uma investigação cuidadosa poderão desvendar.
Revista ISTOÉ online. Wilson Aquino
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