DENTE REVELA TEMPERATURA DE GRANDES DINOSSAUROS.
É a primeira vez que pesquisadores conseguem determinar com precisão um aspecto importante do metabolismo desses animais pré-históricos. Grupo dos saurópodes é conhecido por apresentar corpos enormes, pescoços e cauda compridos e cabeça pequena.
Répteis são considerados animais de sangue frio porque, ao contrário dos mamíferos, não têm um mecanismo interno que regule a temperatura corporal e assim dependem do calor externo.
Quando os dinossauros foram descobertos, pensava-se que apresentassem a mesma característica. Mas nas últimas décadas uma questão prevaleceu: se algumas espécies, como o Tiranossauro rex, eram rápidas e enormes, suas temperaturas corporais deveriam ser bem elevadas, assim como a dos animais de sangue quente.
Agora, uma equipe do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, está tentando colocar um ponto final nestas especulações ao determinar pela primeira vez a temperatura de saurópodes.
Os pesquisadores analisaram 11 dentes de Brachiosaurus brancai e Camarasauros - duas espécies com cerca de 15 metros de altura e caudas e pescoço muito compridos - e calcularam que a temperatura corporal destes animais era de 38,2 e 35,7 graus Celsius, respectivamente. São temperaturas mais altas do que as de crocodilos e mais baixas do que as de pássaros.
Geoquímicos da Caltech Rob Eagle (esquerda) e John Eiler mostram um dente de dinossauro que foi usado para determinar a temperatura corporal de animais já extintos.
Um ‘termômetro especial’ foi usado para chegar aos resultados: a análise das ligações entre raros isótopos de carbono e oxigênio presentes em um mineral encontrado no dente dos dinossauros.
Medir a quantidade destas ligações é uma forma de determinar a temperatura do ambiente (no caso, o dente) em que o material foi formado: quanto mais baixa a temperatura, mais ligações seriam encontradas.
"É como ser capaz de colocar um termômetro em um animal que está extinto há 150 milhões de anos", diz Robert Eagle, pós-doutorando na Caltech e coordenador do estudo publicado na Science Express.
"Ninguém usou esta abordagem para avaliar a temperatura corporal de dinossauros antes, então nosso estudo fornece um ângulo completamente diferente para o longo debate acerca da fisiologia dos dinossauros."
Corpo quente - O fato de as temperaturas terem sido similares a de mamíferos não decide a questão: em função do tamanho, os dinossauros poderiam também reter o calor por mais tempo do que animais menores.
Em outras palavras: podem ter sido animais de sangue frio com a capacidade de manter o corpo quente por mais tempo. Para responder esta questão, mais estudos são necessários. Os pesquisadores planejam agora identificar a temperatura de amostras de outros dinossauros e vertebrados extintos.
Caso um dinossauro pequeno ou filhotes apresentem temperaturas corporais altas, a teoria de que eles são aquecidos pelo ambiente pode ir por água abaixo, já que pouca massa dispersaria o calor com mais facilidade. Novas pesquisas podem também dar dicas de como os próprios mamíferos evoluíram ao longo do tempo.
Revista VEJA online. Lance Hayashida/Caltech/Divulgação. (Thinkstock).



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