SIGILO, O “PEQUENO SINAL” QUE VIROU UMA GRANDE POLÊMICA.
      Não é segredo para ninguém que a palavra sigilo, sinônimo de segredo, foi a que deu mais dor de cabeça ao governo federal esta semana, devido a duas posições polêmicas contra a livre circulação de informações assumidas pelo Planalto: o sigilo sobre o orçamento das obras da Copa do Mundo e o sigilo eterno dos documentos oficiais classificados como ultrassecretos.
      O que se mantém oculto nos porões da língua é a relação da palavra sigilo com signo, isto é, marca, sinal. O termo latino sigillum vem a ser simplesmente o diminutivo de signum.
      Significava no latim clássico apenas o selo, o carimbo, o sinete com que se marcava o lacre – produzindo um sinalzinho, também conhecido como chancela – para fechar uma carta ou outro tipo de documento e garantir que ele não fosse lido por ninguém antes de chegar ao destinatário. Ou que, caso fosse lido, a violação ficasse evidente.
      O vocábulo selo, aliás, tem exatamente a mesma raiz: é o filho vulgar de sigillum, enquanto sigilo é seu descendente erudito. Selo e sigilo já foram sinônimos, antes que o segundo visse a acepção literal cair em desuso e passasse a significar, por metonímia, não mais o selo mas o efeito produzido por ele – o segredo, justamente.
      Essa ampliação semântica se deu já no português, no século 17, cerca de cem anos após a palavra sigilo ter desembarcado por aqui.
Revista VEJA online

Nenhum comentário:

Postar um comentário