ALIADA A REDES SOCIAIS, A TÉCNICA DE RECONHECIMENTO FACIAL PODE REVELAR DADOS PESSOAIS.
Os pesquisadores descobriram que um software de reconhecimento facial, associado ao imenso banco de imagens do Facebook, pode identificar pessoas e até revelar dados privados como endereço, telefone e profissão.
Uma foto publicada no Facebook pode revelar muito sobre uma pessoa.
É o que mostra o estudo Faces of Facebook: Privacy in the Age of Augmented Reality, apresentado no início de agosto em uma convenção sobre segurança na internet, em Las Vegas.
A pesquisa, liderada pelo americano Alessandro Acquisti, professor da Universidade Carnegie Mellon, afirma que softwares de reconhecimento facial, aliados aos imensos bancos de imagens das redes sociais, podem não só revelar o nome de um usuário, mas informar ainda seu endereço, telefone e profissão.
Para testar a teoria, Acquisti realizou experiências cruzando dados do Facebook, de um site de relacionamento amoroso e de um software de reconhecimento facial chamado PittPatt – adquirido recentemente pelo Google. Os acadêmicos fotografaram o rosto de 93 alunos do campus e carregaram essas imagens no programa.
O sistema, então, comparou as fotos com o banco de imagens do Facebook e, dez segundos depois, apontou dez possíveis perfis para cada estudante. Em um terço dos casos, o perfil correto aparecia entre as duas primeiras opções apontadas pelo programa.
Em outra experiência, 227.000 fotos de perfis do Facebook foram comparadas a 6.000 imagens de contas do site de relacionamento amoroso. Ao final do teste, o sistema de reconhecimento facial havia identificado 10% dos usuários.
Para Acquisti, cerca de um terço das identidades de alunos de Carnegie Mellon poderia ser revelada por meio da combinação de dados disponíveis em redes sociais, computação em nuvem (programa de reconhecimento facial) e webcam.
Diante dos resultados, ele chama atenção para a possibilidade de a tecnologia, neste caso, comprometer a privacidade de cidadãos. Em mãos erradas, diz Acquisti, o Facebook pode se tornar uma máquina de espionagem.
O que já se sabia sobre o assunto
Cientistas que acompanham a evolução da tecnologia de reconhecimento facial desde a década de 1970, quando esse conhecimento começou a ser difundido. Para Marcelo Zuffo, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em meios eletrônicos interativos, a novidade do estudo está no uso de grandes bases de dados na internet, algo possível graças à popularização das redes sociais.
Segundo o pesquisador, a chamada mineração de dados, associada às técnicas já conhecidas pelos acadêmicos, traz novidades para a comunidade científica.
O brasileiro explica que a análise americana é baseada na medida de similaridade, que compara pontos comuns entre duas ou mais imagens. E, a despeito do possível mal uso da tecnologia, ela também pode ser útil, ajudando, por exemplo, autoridades a encontrar pessoas desaparecidas e criminosos.
Israel e Estados Unidos estão entre os países que dominam a técnica. Lá, empresas já oferecerem esse tipo de serviço. O Brasil também está empenhado em adotar sistemas de segurança baseados em reconhecimento facial. “Para a Copa de 2014, essa será uma tecnologia emergente. Ela estará presente nos estádios, espaços públicos e no nosso dia a dia”, adianta Zuffo.
Especialista: Marcelo Zuffo, professor da escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), e especialista em meios eletrônicos interativos.
Revista VEJA online. (Por Renata Honorato). (Foto: Thinkstock)
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