Substituição do carvão por gás natural não desaceleraria o aquecimento global, diz estudo. Maior uso do gás natural diminuiria poluição, mas não reduziria a temperatura.
Queima de carvão sempre esteve associada ao aumento da temperatura global, mas a emissão de sulfatos e outras partículas que resfriam o planeta durante o processo pode ter efeitos positivos também.
Embora a queima de gás natural emita bem menos dióxido de carbono do que o carvão, a substituição de uma fonte de energia pela outra - proposta por especialistas em meio ambiente anteriormente - não seria capaz de desacelerar significativamente as mudanças climáticas. É o que afirma um estudo que o periódico científico Climatic Change Letters publica esta semana.
CARVÃO
Considerado o mais poluente combustível fóssil. Produz emissões de gases que contribuem para o aquecimento global, poluem o ar e as águas e ainda criam chuvas ácidas. Ao queimar, libera o vapor necessário para que turbinas gerem eletricidade.
GÁS NATURAL
Combustível fóssil cuja queima produz baixa emissão de poluentes, mas libera o metano – gás do efeito estufa que responde por um terço do aquecimento do planeta, com uma capacidade de reter calor na atmosfera bem maior do que o dióxido de carbono.
A conclusão partiu da análise dos meios pelos quais a queima de cada combustível fóssil afeta o clima terrestre. Enquanto o carvão acelera o aquecimento por meio da emissão de dióxido de carbono, também libera grandes quantidades de sulfatos e outras partículas que, apesar de serem prejudiciais ao planeta, esfriam a atmosfera ao bloquear a entrada de luz solar.
Já a queima de gás natural, por outro lado, libera quantidades incertas de metano – um potente gás do efeito estufa.
Para avaliar o efeito de ambos na atmosfera, o pesquisador Tom Wigley, do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, realizou algumas simulações em computador.
"Uma utilização maior de gás natural reduziria as emissões de dióxido de carbono, mas de pouca ajuda seria em relação ao problema climático", diz Wigley.
O pesquisador descobriu que uma redução de 50% na queima de carvão e um aumento correspondente de queima de gás natural levaria a um aumento de temperatura nos próximos quarenta anos de menos de um grau Celsius.
De acordo com o pesquisador, a 'perseguição' ao carvão deveria ser repensada. "Seja qual for a taxa de fuga do metano, você não pode fugir do aquecimento global que ocorrerá inicialmente, porque, não queimando o carvão, não teremos o efeito do resfriamento causado pelos sulfatos e outras partículas", explica Wigley.
Ou seja: as chuvas ácidas e a poluição do ar diminuem, mas a temperatura na Terra aumenta. Além disso, o impacto da emissão de metano também depende da influência de outros gases – como o dióxido de carbono e óxido nitroso – capazes de segurá-lo por mais ou menos tempo na atmosfera.
Revista VEJA online. (Thinkstock)
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