TRAIÇÃO COM SIGILO GARANTIDO NA INTERNET VIRA FEBRE NO BRASIL.
Nos últimos dois meses, portais de relacionamento como o canadense Ashley Madison e o americano The Ohhtel já têm mais de 370 mil brasileiros no cadastro.
Polêmicas à parte, os sites internacionais especializados em traição descobriram no Brasil uma excelente oportunidade de negócio. Nos últimos dois meses, o portal canadense Ashley Madison e o americano The Ohhtel já contabilizam o cadastro de mais de 370 mil brasileiros.
A principal arma de conquista desses sites é o sigilo, já que não se corre o risco de chegar em casa com marca de batom na camisa. A não ser que, do virtual, o caso chegue ao universo real.
A psicanalista e professora do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Susan Guggenheim, destaca a importância que as redes sociais vêm ganhando e lembra que o universo virtual contribui para as pessoas que têm mais dificuldade em se relacionar pessoalmente e conseguem fazer isso melhor através do computador.
“A pergunta é como manter a monogamia. A sociedade está mudando, temos a superficialidade das relações mais presente. Mas, ainda tem muita gente que aposta no amor eterno.
O que costuma acabar com a maioria das relações é a descoberta da traição. A internet é só mais um meio para a traição também”, avalia.
Jas Kaur, diretora de operações internacionais do Ashley Madison Brasil, é categórica: “Não inventamos a infidelidade, nós apenas aperfeiçoamos, para se pular a cerca da maneira certa. Se o Ashley Madison desaparecesse nesse instante, os casos e a infidelidade não desapareceriam”.
Ela ressalta que a escolha pelo mercado brasileiro foi resultado de um estudo sobre sexualidade na América Latina, mostrando que o Brasil apresenta os maiores índices de infidelidade.
“Entre os homens, a porcentagem dos que dizem já ter traído pelo menos uma vez chega a 70,6% e entre as mulheres o número é de 56,4%”, completa.
Os fundadores do Ashley Madison, segundo a diretora, pensaram, primeiro, em criar um site comum de encontro, mas depois de fazerem uma pesquisa, descobriram que 30% das pessoas que usavam estes sites eram pessoas que tinham compromisso (casadas, namoravam sério, estavam noivos) e se aproveitavam do anonimato que a internet oferece para despistarem suas verdadeiras intenções.
Quando se trata de discrição, no portal canadense as fotos ficam em uma galeria privativa e só são vistas por aqueles que obtiverem a chave de acesso enviada por quem postou a imagem.
Há também o “botão do pânico”, que leva o usuário imediatamente a uma página neutra caso apareça alguém perto do computador.
O serviço desses sites é 100% gratuito para mulheres. “O homem sempre acha meios diferentes para trair: striptease, garota de programa... e a mulher não tem as mesmas opções. Por isso, não cobramos para mulheres terem acesso”, diz Jas.
E para os homens que ainda acreditam que é mais difícil a mulher partir em busca de um caso, é melhor ficarem atentos. O The Ohhtel registrou o recorde de 6,2 mil mulheres inscritas um dia após o lançamento em 12 de julho.
E na segunda-feira seguinte ao Dia dos Pais, foi registrado o maior índice de mulheres em apenas um dia, com 11.707 inscritas em busca de romance sem compromisso. Atualmente, a média diária de brasileiras que procuram pelo portal é de 1,7 mil.
A vice-presidente do site americano, Laís Ranna, enfatiza que o Brasil era o terceiro país que mais tentava acessar o portal antes da entrada aqui. Ela revela, ainda, que ao serem perguntados “por que você tem casos?”, a razão número um para os homens é a necessidade de ter “variedade”. Já as mulheres afirmam que vão em busca de “mais romance”.
“O brasileiro trai muito e mais do que a média mundial. Numa pesquisa que fizemos, 65% dos usuários homens responderam que tiveram pelo menos cinco casos extraconjugais. Nos outros países, 70% dos usuários afirmam já terem tido entre um e três casos”, afirma Laís.
“O casamento é mais do que apenas sexo, tem o amor, filhos e, para os católicos, é uma instituição. Não incentivamos a traição. É a mesma coisa que um motel, vai quem quer. Você pode ser fiel, mas não necessariamente exclusivo e é este conceito que estamos tentando criar. A traição não é mais crime, a sociedade está mudando”, acrescenta.
Laís revela que, ao contrário de outros países, onde a grande parte das pessoas que usa os serviços do site está em um casamento sem sexo, homens e mulheres brasileiros inscritos no Ohhtel não estão em relacionamento sem relação sexual.
O sigilo também é questão de honra no site. Os usuários são orientados a criar um e-mail específico para o cadastro e o pagamento é feito só em dinheiro.
O FLUMINENSE. Por: Luciana Jacques
Nenhum comentário:
Postar um comentário