QUEM SÃO AS TRÊS MULHERES A GANHAR O NOBEL DA PAZ?
Ellen Johnson-Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakul Karman foram reconhecidas por seus esforços por um mundo mais igual. Mas você sabe o que elas fizeram para ganhar o prêmio?
Três mulheres foram agraciadas com o Prêmio Nobel da Paz nesta sexta-feira (7). A presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, e as ativistas Leymah Gbowee, também liberiana, e Tawakul Karman, iemenita receberam o maior reconhecimento possível por sua luta por um mundo pacífico e por igualdade dos direitos das mulheres.
Mas essas três pessoas são bem diferentes, e têm trabalhos bastante distintos em sua busca pela paz.
Tawakkul Karman sorri contente depois de ficar sabendo que acabara de ganhar o Nobel da Paz. Ela, que integra o grupo de manifestantes iemenitas que pedem o fim do regime em seu país, nem sabia que havia sido indicada. (Foto: Hani Mohammed / AP).
A ativista iemenita Tawakkul Karman tornou-se ferrenha defensora dos direitos humanos em seu país até se transformar em um ícone da oposição contra o regime. Ela, que hoje integra o grupo de manifestantes que acampa na Praça Tahrir de Sana’a na luta contra o regime do presidente Ali Abdullah Saleh, dedicou esse reconhecimento a "todas as revoluções árabes", com uma lembrança especial "ao sangue dos mártires e dos feridos".
Karman afirmou, pouco depois de receber a notícia de que ganhara o prêmio, que continuará sua luta "contra a opressão e a injustiça até que Saleh seja julgado". A iemenita, que pernoita ao lado do filho e de uma de suas filhas em uma pequena barraca, desconhecia que era candidata ao prêmio - ela só soube que havia ganhado depois de assistir ao anúncio pela televisão.
"Estou muito contente com esse prêmio, que é uma honra para todas as revoluções árabes", disse Karman. "Sabia que concorria a um prêmio nos Estados Unidos de direitos e liberdades, mas não ao Nobel", afirmou a fundadora da ONG Mulheres Jornalistas Sem Correntes e dirigente do partido islâmico Al Islah (Reforma Islâmica), que apostou na via pacífica de oposição a Saleh.
Já a ativista liberiana Leymah Roberta Gbowee liderou um movimento pacifista integrado por mulheres que alcançou o até então distante sonho de pôr fim à guerra civil que devastou a Libéria entre 1989 e 2003. Sua conquista abriu as portas para que a terceira ganhadora do Nobel da Paz deste ano, a presidente Johnson-Sirleaf, chegasse ao poder.
A ativista liberiana Leymah Gbowee, quando ganhou o prêmio Perfil John F. Kennedy por sua Coragem, em 2009. Sua luta pelo fim da guerra civil em seu país lhe rendeu o Nobel da Paz. (Foto: Lisa Poole / AP).
Após 14 anos de um conflito no qual morreram mais de 200 mil pessoas, Leymah uniu mulheres de distintas religiões para exigir o fim da guerra. Um documentário produzido recentemente sobre sua vida, "Pray The Devil Back to Hell" ("Reze Para que o Diabo Volte ao Inferno", em tradução livre), conta essa história.
Segundo o filme, milhares de mulheres liberianas se transferiram para o Gana em junho de 2003 para realizar uma manifestação pacífica na frente do lugar onde aconteciam as negociações entre os envolvidos no conflito, que haviam chegado a um ponto morto.
As ativistas, vestidas com camisetas brancas, formaram um cordão ao redor do edifício para garantir que os negociadores não sairiam dali até chegar a um acordo.
As forças de segurança tentaram dispersar a concentração e as mulheres ameaçaram tirar suas roupas e protestarem nuas, o que dissuadiu os militares de qualquer intervenção. As manifestações culminaram no exílio de Charles Taylor, o até então presidente do país, e na eleição em 2006 de Ellen Johnson-Sirleaf.
Johson-Sirleaf, aliás, é conhecida por ter contribuído para o processo do fim do conflito armado na Libéria e com a queda de Charles Taylor, que posteriormente foi julgado por um tribunal internacional por crimes contra a humanidade.
Apelidada em seu país de "Dama de Ferro", Ellen, de 72 anos e mãe de quatro filhos, tentará emendar um segundo mandato nas eleições presidenciais previstas para a próxima terça-feira.
Nascida em 29 de outubro de 1938 em Monróvia, capital da Libéria, estudou Economia na Universidade de Harvard e no início da década de 1970 ocupou o cargo de secretária de Estado de Finanças. Em 1979, foi nomeada ministra das Finanças no governo do presidente William Tolbert, cuja derrocada e posterior assassinato a obrigaram a deixar o país.
A presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, a "Dama-de-Ferro", tornou-se, em 2006, a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de Estado em todo o continente africano (Foto: David Guttenfelder / AP).
Durante seu exílio, ocupou a vice-presidência do escritório regional do Citibank na África, com sede em Nairóbi (Quênia), entre 1982 e 1985. Retornou a seu país em 1985 para apresentar sua candidatura ao Senado.
Um discurso público no qual criticou o regime militar lhe valeu uma condenação de dez anos de prisão, mas acabou liberada pouco depois de ser presa.
Ellen foi vice-presidente e membro da direção do Equator Bank, em Washington (EUA), entre 1986 e 1992. Entre 1992 a 1997 dirigiu o escritório para a África do Programa Regional para o Desenvolvimento das Nações Unidas e também trabalhou para o Banco Mundial como economista especializada em estratégias de desenvolvimento para países africanos.
Retornou a seu país após o fim da guerra civil, em 1997. Apesar de inicialmente ter apoiado o golpe de Estado de Charles Taylor contra o general Samuel Doe, mais tarde se opôs a seu governo e o enfrentou nas eleições de 1997, nas quais obteve 10% dos votos. Acusada de traição por Taylor, novamente foi expatriada.
Nas eleições presidenciais de 11 de outubro de 2005, Ellen, candidata do Partido da Unidade, ficou na segunda posição, atrás do ex-jogador de futebol George Weah. O resultado forçou um segundo turno realizado em 8 de novembro no qual ela venceu com 59,4% dos votos.
As autoridades eleitorais do país confirmaram o resultado do pleito em 23 de novembro e Ellen foi proclamada presidente do país. Tomou posse em 16 de janeiro de 2006, convertendo-se na primeira mulher chefe de Estado tanto na Libéria como no continente africano.
REDAÇÃO ÉPOCA COM AGÊNCIA EFE. LH

Nenhum comentário:

Postar um comentário