O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, criticou nesta terça-feira a infraestrutura e a mobilidade urbana de cidades que vão sediar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e reclamou de atrasos nas obras para melhorar esta situação.
Valcke avaliou que os estádios estarão prontos a tempo do evento, embora ainda acredite que alguns problemas precisem ser resolvidas.
O segundo homem na hierarquia da Fifa disse ainda que propôs em conversa recente com a presidente Dilma Rousseff uma categoria de ingressos mais baratos para o Mundial, para contornar a discussão em torno da meia entrada para estudantes.
"Viajar no Brasil não é fácil... se deslocar em São Paulo é um pesadelo", afirmou Valcke durante audiência pública em comissão criada na Câmara dos Deputados especificamente para analisar a Lei Geral da Copa, conjunto de regras para a organização do Mundial no país.
O secretário confirmou ainda que em conversa com Dilma em Bruxelas, no início de outubro, propôs uma categoria de bilhetes mais baratos, para contornar o a questão da meia entrada para estudantes, um dos pontos polêmicos para a Fifa na Lei Geral da Copa.
A cota de bilhetes mais acessíveis, segundo Valcke, seria uma nova categoria de ingressos que custariam em torno de US$ 25 na primeira fase do torneio.
"É verdade que a Fifa não gosta dessa meia-entrada. Então, quando encontramos com a presidente Dilma, ela mostrou que a meia entrada para idosos é uma lei nacional e não queremos mexer na lei nacional", explicou o secretário-geral a deputados.
"Falei para ela [Dilma]. Ao invés de haver diferentes grupos com direito a meia entrada, propus que implantemos uma categoria 4 [de ingressos com preços mais acessíveis], reservada apenas para os brasileiros", disse Valcke, acrescentando que os estudantes poderiam ser encaixados nessa categoria.
'SEM TEMPO'
A Lei Geral da Copa tem causado polêmicas na Câmara dos Deputados. Representantes de entidades de defesa do consumidor e da sociedade civil criticam o projeto enviado pelo Executivo ao Congresso.
Representantes dos Comitês Populares da Copa entregaram cartas aos deputados, durante a audiência, pedindo que não aprovem a Lei Geral da Copa, sob o argumento de que a projeto fere a soberania nacional ao firmar regras "de exceção" para a realização dos jogos e ao conceder poderes excessivos à Fifa.
"Não faz sentido uma legislação que garanta privilégios a um particular, ainda mais estrangeiro, em caráter jamais visto no país, subjugando inclusive o Estado", diz o documento.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local da Copa, Ricardo Teixeira, afirmou que a soberania do país não está sendo questionada e que a Copa trará benefícios financeiros e sociais ao Brasil.
Teixeira acredita que as divergências em relação à legislação brasileira serão resolvidos e também alertou os deputados sobre o prazo. Ricardo Teixeira toma um café ao lado de Jérôme Valcke, durante entrevista, em Brasília.
"Algum conflito daqui ou dali em relação ao direito do consumidor acho que é plenamente resolvível... agora, acho que temos o dever de organizar uma Copa inesquecível, que servirá para consolidar ainda mais a imagem do país no exterior", declarou. "O tempo não está mais ao nosso lado."
O secretário-geral da Fifa defendeu ainda a proteção comercial às empresas que têm acordos com a federação que comanda o futebol mundial.
"O conjunto [de investimentos] é feito por nossos parceiros comerciais, o que explica porque temos que proteger os nosso parceiros comerciais", explicou Valcke, ressaltando que pequenos vendedores ambulantes não serão proibidos de circular ou punidos.
Segundo ele, o foco da proteção comercial são grandes marcas que tenham ações organizadas e "premeditadas" no perímetro definido pela Fifa ao redor de estádios.
FOLHA online. . Ueslei Marcelino/Reuters
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