Brasileiro paga até 81% mais no ano por alimentos. Nos serviços, a alta foi de 17%. Previsão para 2012 é de recuo dos preços.
RIO - A conta do supermercado ficou mais cara este ano. Em 2011, somente o tomate encareceu 81,38% no Rio. O preço da cebola, por sua vez, subiu 53,64% para os cariocas. E o café avançou 22,61% no período, segundo levantamento exclusivo da Fecomércio-RJ. Mas, além dos alimentos, os serviços também pressionaram o orçamento da famílias — com altas de quase 20% neste ano.
Vilões do bolso em 2011, os dois grupos foram os maiores inimigos do governo que, ao longo do ano, travou uma ferrenha queda de braço com a inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — 15 (IPCA-15) variou 0,56% em dezembro, acima da taxa de 0,46% de novembro. Encerrou o ano em 6,56% — acima do teto da meta fixada pelo governo, de 6,5%.
O IPCA-15 se refere aos preços coletados entre 15 de novembro e 13 de dezembro, e é a prévia da inflação de todo o ano, que será divulgada no próximo dia 6.
Segundo especialistas, os preços desses itens devem perder um pouco a força em 2012. Sustentam a tese dos analistas os reajustes salariais menores e o desaquecimento da economia brasileira, além da demanda mundial mais fraca nos países desenvolvidos.
— A inflação de 2011 foi muito alimentada por renda. É justamente a renda mais alta que chancela os repasses de preços, especialmente de serviços. E a inflação deste ano teve como herança uma economia mais indexada em 2010 e a forte especulação nas commodities no fim de 2010 — disse Fábio Romão, economista da LCA Consultores.
Grandes impactos vieram dos serviços. Hotéis (17,37%), refeição fora de casa (9,14%), colégios (8,09%), empregado doméstico (10,24%) e cabeleireiro (7,92%) foram alguns dos itens que mais puxaram a alta dos preços de 2011 (até novembro). Além da renda mais elevada (a massa de rendimento real habitual ficou estável em relação a setembro, mas cresceu 0,9% em relação a outubro de 2010), o dólar mais alto encareceu serviços que dependem de máquinas ou produtos importados. Mas o aumento do salário mínimo em mais de 14% em 2012 vai ajudar, a despeito da economia em desaceleração, a pressionar o indicador nos próximos meses.
— O que dita o preço dos serviços é o salário. Com a renda em elevação, os serviços sobem. Se desaceleram, eles arrefecem. Mas, certamente, num ritmo mais lento que o dos alimentos — disse o economista Joaquim Eloi.
Até novembro, os alimentos encareceram, em média, 5,88% — próximo da inflação geral no período (5,97%), mas bem abaixo do comportamento do grupo no ano anterior (10,39%). Nos últimos 12 meses, ficaram mais caros itens como café (23,77%), açúcar (11,40%) e frango em pedaços (12,37%).
— Apesar da safra maior, ela se concentrou em milho e soja. Houve problemas climáticos que afetaram algumas culturas como as de frutas. Além de commodities que pressionaram também.
— disse Eulina Nunes, gerente do IPCA do IBGE, citando ainda o fato de a carne liderar os principais impactos de novembro.
Fecomércio: 2012 não terá cenário tão diferente.
Segundo Paulo Padilha, economista da Fecomércio-RJ, a alta dos alimentos foi mais puxada por problemas climáticos do que pela demanda. Mas outros fatores influenciaram o comportamento nos supermercados.
— O setor de carnes, por exemplo, sofreu com o embargo da Rússia. Isso acabou ampliando a oferta para o mercado interno. E, com isso, os preços recuaram no ano (-3,0% nos últimos 12 meses, terminados em novembro) — acrescentou Padilha, frisando que os alimentos mais aumentaram foram os in natura. — No próximo ano, o cenário não deve ser muito diferente: a crise deve continuar lá fora e o consumo interno deve seguir fortalecido.
Na avaliação de Romão, da LCA, os preços dos alimentos vão desinflacionar. Ele projeta uma variação de 6,8% este ano, abaixo do que se viu em 2010. Para 2012, o economista prevê 5% para o grupo.
— A crise global deve ditar o comportamento das commodities — disse Romão, acrescentando que os serviços também devem recuar, mas menos intensamente. — Projetamos um fechamento em 9% neste ano. Para 2012, 8,2%.
Jornal O BLOGO online. Fabiana Ribeiro Foto:Pablo Jacob / Arquivo Agência O Globo
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário