O DESEMPREGO É O “CALCANHAR DE AQUILES” DA RECUPERAÇÃO ECONÔMICA.
O relatório prevê aumento do, PIB da União Europeia em 2012 de 0,7%, e de 1,7% em 2013 (AFP). A economia mundial está à beira de uma nova recessão, disse a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) em seu relatório Situação e Perspectivas da Economia Mundial, divulgado nesta terça-feira.
A organização prevê a deterioração do cenário econômico caso os governantes não consigam frear o aumento do desemprego ou evitem a escalada dos riscos gerados pela crise da dívida soberana e a fragilidade do setor financeiro.
"A economia mundial está oscilando e muito perto de uma nova recessão. Espera-se crescimento anêmico nos anos de 2012 e 2013. Os problemas que assolam a economia mundial são múltiplos e interligados.
Entre os maiores desafios está a luta contra a crise do emprego e o declive das perspectivas de crescimento, especialmente no mundo desenvolvido", diz o relatório.
O texto define o desemprego como "calcanhar de Aquiles" da recuperação econômica na maior parte dos países desenvolvidos e ressalta que o "déficit global de 64 milhões de empregos deve ser eliminado". Com a projeção de recessão, no entanto, o déficit de empregos no mundo se elevaria para 71 milhões, 17 milhões somente nos países ricos, prevê a organização.
Além disso, a Unctad revela que, se a recessão ocorrer, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve alcançar 0,5% em 2012, número que pode chegar a 2,6% no caso de "a crise da dívida soberana ficar concentrada a uma ou algumas poucas pequenas economias".
Para os autores do relatório, no entanto, as recentes medidas adotadas pelos governos europeus para conter a crise não são suficientemente eficazes. "O contágio da dívida soberana poderia achatar o crédito no mundo, e provocar uma quebra nos mercados financeiros, em um cenário com reminiscências do ocorrido em setembro de 2008 com o colapso do Lehman Brothers", diz o texto.
EUA
O texto considera que as novas medidas de austeridade fiscal nos Estados Unidos levariam a uma recessão, por isso sugere ao Federal Reserve (Fed, banco central americano) que responda adotando medidas monetárias mais agressivas. O relatório prevê aumento do PIB da União Europeia em 2012 de 0,7%, e de 1,7% em 2013. Para os Estados Unidos, a Unctad estima avanço de 1,5% em 2012 e de 2% em 2013.
A respeito dos riscos globais se as economias dos Estados Unidos ou da União Europeia entrassem em recessão, o relatório é taxativo: "Uma recessão na Europa ou nos Estados Unidos pode não ser suficiente para induzir uma recessão global, mas o colapso de ambas as economias seguramente teria força para tal".
Diante dessa situação, o relatório considera que, no curto prazo, é preciso estímulo fiscal, coordenado internacionalmente, para gerar empregos. "Os países desenvolvidos deveriam ser mais cautelosos em não embarcar prematuramente em políticas de austeridade fiscal, diante do ainda frágil estado da recuperação e os elevados níveis de desemprego".
A principal preocupação das nações em desenvolvimento terá de ser evitar que o aumento dos já voláteis preços das matérias-primas e a instabilidade das taxas de câmbio contamine o crescimento.
Brasil e América Latina
O PIB da América Latina e do Caribe crescerá 3,3% em 2012 e 4,2% em 2013, segundo o relatório da Unctad. O texto considera que a região teve um 'crescimento robusto' em 2011 - aumento de 4,3% do PIB -, uma melhora que, no entanto, representou uma 'desaceleração' com relação aos 6% obtidos em 2010.
Leia também: ONU corta previsão de crescimento do Brasil em 2012.
Por sub-regiões, os economistas da Unctad esperam um crescimento do PIB na América do Sul de 3,6% neste ano e de 4,5% no próximo, enquanto em 2011 a alta foi de 4,6%. Para o Brasil, a previsão de crescimento em 2012 ficou em 2,7%, quase a metade da previsão anterior, de junho do ano passado, que era de 5,3%.
"Brasil e México devem sofrer desacelerações econômicas mais visíveis", afirma o documento, citando que o avanço no PIB do país já foi reduzido pela metade em 2011, para 3,7%, após uma forte alta de 7,5% em 2010, e deve desacelerar mais em 2012.
No caso mexicano, a economia teve 3,8% de aumento no PIB em 2011 e deve desacelerar para 2,5%, em 2012.
A progressão de 2011 na América do Sul se deve, segundo o relatório, à criação de emprego que, por sua vez, reduziu a pobreza e a desigualdade, o que levou a um forte aumento do consumo privado.
'Isto ocorreu especialmente no Brasil', especifica o texto, lembrando que o investimento, tanto público como privado, cresceu, e que os altos preços das matérias-primas permitiram lucros generosos, que foram revertidos ao Estado através da receita por impostos.
Revista VEJA online. (Com agências Estado e EFE)
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