Aliado de José Dirceu,
Washington Quaquá distribuiu cerca de 14 mil notebooks aos alunos da rede
municipal. Medida foi considerada tentativa de se beneficiar nas eleições
O prefeito de Maricá, no estado do Rio, Washington
Siqueira, o Quaquá, foi declarado inelegível por oito anos por ter distribuído
aproximadamente 14 mil notebooks aos alunos da rede municipal de ensino, no ano
passado.
Numa Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)
ajuizada pelo Ministério Público do estado do Rio, a Promotoria Eleitoral de
Maricá alega que o prefeito buscou, “em evidente desvio de finalidade”,
beneficiar-se eleitoralmente no pleito deste ano, em que será candidato à
reeleição.
“Para isso, distribuiu a maioria dos notebooks no
Dia das Crianças de 2011, 12 de outubro, fazendo com o que os pais ou
responsáveis assinassem um contrato de comodato por um ano, que poderia ser
renovado ou não a critério do município, no seu vencimento, ou seja, em 12 de
outubro de 2012.
A mensagem subliminar é evidente: se o prefeito for
reeleito, aquela criança, que talvez jamais pudesse comprar um notebook, poderá
continuar com o aparelho. Caso contrário, não se sabe”, explicou o titular da
55ª Promotoria Eleitoral, promotor de justiça Sérgio Luís Lopes Pereira.
A intensa propaganda feita com a distribuição dos
notebooks, vinculando o benefício diretamente à figura do prefeito, também foi
citada na ação.
A prefeitura espalhou milhares de cartazes de seus
feitos pelo município - em alguns bairros, inclusive, intervalados a cada dois
postes. A sentença da juíza da 55ª Zona Eleitoral, Juliane Guimarães,
determina ainda a cassação de eventual registro da candidatura ou do diploma do
político (no caso de ele vencer as eleições).
Quaquá administra desde 2009 um município com 130
mil habitantes, localizado a 60 quilômetros do Rio de Janeiro e abençoado pelos
royalties do petróleo - incluindo, o pré-sal.Reportagem de VEJA mostrou
como o aumento na receita evaporou durante a gestão do petista, alvo de
inúmeros processos e inquéritos por suspeita de corrupção.
Se o petróleo colocou Maricá no mapa, o pré-sal
alçou o município a um novo patamar no cenário político nacional.
Nos cálculos mais otimistas, a expectativa é de que
os cofres maricaenses sejam premiados com até 1 bilhão de reais nos próximos
anos. As boas novas é, claro, atraíram atenção e interesse de gente como o do
cacique petista José Dirceu, que visitou a cidade pelo menos duas vezes
desde a posse do prefeito Quaquá.
A sombra de Dirceu também se faz sentir através da
presença de asseclas indicados por ele para cargos na administração municipal.
O principal deles Marcelo Sereno, que foi assessor de Dirceu na Casa Civil.
Revista VEJA online
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