Atores comentam a relação
entre Jesuíno e Sinhazinha em ‘Gabriela’
Para José Wilker,
personagem retrata um tipo de comportamento que existe até hoje.
Maitê Proença e José Wilker em cenaTV GLOBO/ ESTEVAM AVELLAR
RIO - Casca-grossa é pouco para definir a
personalidade do coronel Jesuíno Mendonça (José Wilker) em “Gabriela”. Na
primeira semana do folhetim das 23h, o personagem se destacou pela brutalidade
com a qual trata as pessoas. E a fera não amansa nem quando chega em casa: a
esposa, Sinhazinha Mendonça (Maitê Proença), é a que mais sofre com os
impropérios do marido.
— Ela foi criada para ser submissa e obediente, é o
que se fazia naquela época. Acho que ela teria aguentado o marido até o fim da
vida se não tivesse encontrado um homem gentil e delicado que lhe diz coisas
bonitas — opina Maitê, lembrando que Dinhazinha terá um caso com o Dr. Osmundo
(Erik Marmo).
José Wilker, que volta à novela “Gabriela” na pele
de Jesuíno — na versão de 1975 ele era Mundinho Falcão —, diz que chega a ficar
desconfortável com as frases (veja algumas abaixo) proferidas pelo personagem.
— É um retrato duro de um certo comportamento que
existe até hoje. Eu me dei ao trabalho de investigar até que ponto havia
atualidade nisso e, infelizmente, ainda há quem trate a própria mulher como se
fosse um utensílio de cozinha do qual se apropria como e quando quer, depois
deixa de lado. Não tem sentimento, é posse. Ainda que a lei tenha mudado, isso
do homem ser o dono e o senhor não foi totalmente vencido pelas conquistas
feministas — analisa.
Os abusos do coronel
“Mulher minha não tem indisposição quando eu a
quero. Se tem dor de dente, vá ao dentista, conserte. Vá para o quarto e se
prepare. Vou lhe usar”
“Isso não é conversa de senhora bem casada. É
curiosidade de quenga. Mulher decente não pensa nessas coisas. Termine de comer
e vá para o quarto”. Depois que a mulher pergunta por que ele não a
beija na boca.
“Não lhe obrigo porque se recusa com pudor. Mas, de
noite, quero lhe usar.”Ao ouvir a mulher dizer que não gosta de transar de
dia para que ele não veja seu corpo.
Jornal O GLOBO online. THAÍS
BRITTO.
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