Feijão com arroz do carioca está cada dia mais ‘salgado’. Preços dos alimentos mais tradicionais da dieta do dia a dia subiram acima da inflação
Rio -  Os alimentos ficaram mais caros nos últimos 12 meses, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, do IBGE. O destaque da pesquisa ficou com o arroz (7,52%) e com o feijão preto (25,12%), elevando o custo da dupla tradicional na mesa dos brasileiros. No mesmo período, a inflação foi de 4,9%.
Outros tipos de feijão também encareceram: feijão carioca (78,50%), feijão mulatinho (68,73%) e feijão fradinho (2,88%). Tiveram elevação de preço cebola (13,74%), queijo (9,50%), óleo de soja (8,69%), leite em pó (8,59%) e frango (6,25%). De acordo com a pesquisa do IBGE, alho (-32,56%) e tomate (-18,46%) ficaram mais baratos.
Segundo José Souza, presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio, há motivo para a alta nos preços: “O arroz e o feijão passaram a ser mais procurados, e a safra não acompanhou a elevação no consumo”, explica.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a produção teve queda de 26% na primeira safra, que já chegou ao fim. A segunda safra ainda está sendo colhida.
A professora Angela Macedo percebe que os gastos estão aumentando. “Arroz e feijão estão mais caros. Sempre que vou ao supermercado, percebo que alguns preços não param de subir”, observa.
Mas, ao preparar as refeições para a neta, Julia, Angela admite: “Não dá para deixar de fazer o prato que ela adora. É tradicional”.
Nutrólogo sugere substituição com criatividade para ser saudável.
É possível usar a criatividade para criar um bom prato que substitua o arroz e o feijão. Essa é a dica do médico nutrólogo José Alexandre Portinho, que acredita que o consumidor pode aproveitar a alta para apostar em verduras e legumes que estejam com preço mais baixo.
“Uma dica é optar por um prato mais colorido, com aipo, beterraba, brócolis e cenoura”, lista o especialista. “Se quiser acrescentar algo crocante e que traga gosto ao prato, pode ralar castanha do Pará, castanha ou amêndoa. Grãos também podem ser úteis para substituir vez ou outra. Além disso, vale usar grão de bico ou lentilhas”.
Para que não gosta deles ‘sozinhos’, Portinho sugere acrescentar um pouco de massa ou queijos. “Se achar que ficou sem gosto, também pode colocar molhos, azeites ou vinagretes”, diz o nutrólogo.
“Por que não fazer um sopão, também? Juntar legumes e verduras e fazer sopa pode ser uma refeição diferente para a família”, diz.

Compras em queda em 2011
Consumidores gastaram menos em supermercados no ano passado: a queda foi de 0,6% em grandes estabelecimentos, na comparação com 2010, de acordo com os dados da Serasa Experian. A empresa atribui o resultado da pesquisa ao endividamento dos consumidores, levando-os a gastar menos nas compras.
O gerente de análise de crédito da Serasa, Márcio Torres, explica: “A explosão de consumo que houve nesses últimos anos, lastreada em crédito, fez com que as famílias ficassem mais endividadas”.
Prato preferido da neta Júlia, o arroz e o feijão ficaram mais caros, segundo a avó Angela | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia.
Jornal   O DIA online. POR PABLO VALLEJOS

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