Pesquisa baseada na população americana ainda
mostrou que muitos indivíduos adotam uma dieta livre da proteína sem terem
certeza de que sofrem de doença celíaca.
Doença celíaca: o glúten, presente no trigo,
na cevada e no centeio, é responsável por desencadear a patologia.
Nos
Estados Unidos, 75% das pessoas que sofrem de doença celíaca — caracterizada pela intolerância ao glúten,
proteína presente no trigo, na cevada e no centeio — desconhecem que têm o
problema.
Essa
taxa representa cerca de 1,4 milhão de americanos entre os 1,8 milhão de
indivíduos com a doença no país. Essa é a conclusão de um levantamento feito
pela Clínica Mayo, que fica no estado de Minnesota, e publicado nesta
terça-feira no periódico The American Journal of
Gastroenterology.
É uma doença
caracterizada pela intolerância ao glúten, uma proteína presente no trigo, na
cevada e no centeio. Toda vez que um alimento com glúten é consumido, uma
reação imunológica desencadeia-se no intestino e causa a destruição das
vilosidades da mucosa, dobras que aumentam a absorção de nutrientes.
Assim, com o tempo a
doença leva a uma série de problemas, como anemia, perda de peso e outras
doenças graves. Os sintomas incluem diarreia crônica, inchaço do abdome, anemia
e vômitos.
Mas algumas pessoas
podem apresentar ainda perda de massa muscular, enxaqueca, baixa estatura sem
causa aparente, atraso no desenvolvimento puberal, irritabilidade ou depressão,
dores nas articulações, problemas no esmalte do dente, aftas recorrentes na
boca, constipação intestinal, dermatite herpetiforme (erupções na pele) e
fraqueza. Os sintomas podem aparecer juntos ou isolados, e de maneira mais
agressiva ou branda.
O estudo ainda mostrou que,
por outro lado, a maioria das pessoas — ou 1,6 milhão de indivíduos — que adota
uma dieta sem glúten não recebeu diagnóstico da doença celíaca. Para o
gastroenterologista da Clínica Mayo e coordenador desse trabalho, Joseph
Murray, apenas achar que possui doença celíaca não é o suficiente para que uma
pessoa elimine a proteína de sua dieta.
“É importante que um
indivíduo que acredite ter a condição faça exames que confirmem o problema
antes de adotar uma alimentação sem glúten”, diz.
Nessa pesquisa, os autores
do levaram em consideração as respostas de questionários e os resultados de
exames de sangue feitos em 7.798 americanos maiores do que seis anos de idade.
Todos estavam inscritos
no Observatório Nacional de Saúde e Nutrição do país em 2010. Os autores
mostraram que a prevalência da doença celíaca nos Estados Unidos é de um em
cada 140 indivíduos — a mesma encontrada em países da Europa.
Mortalidade
infantil
O
primeiro levantamento global sobre a doença celíaca, publicado no periódico
PLoS One em julho do ano passado, mostrou que 42.000 crianças morrem todos os anos no mundo vítimas da condição, e que os principais óbitos ocorrem em países
asiáticos e africanos.
A
pesquisa ainda indicou que, em 2010, cerca de 2,2 milhões de crianças menores
de cinco anos de idade viviam com a doença, e que, em 2008, as mortes
relacionadas à patologia foram responsáveis por aproximadamente 4% de toda a
mortalidade infantil por diarreia.
Há poucos dados sobre a
doença celíaca entre os brasileiros, já que faltam levantamentos nacionais.
Dados de uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, realizada em 2007,
apontam que um a cada 214 brasileiros tem a doença.
Revista VEJA online. (Thinkstock).
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