Eleições 2012
Eleições: a importância da vitória de Serra
para o PSDB. Ex-governador é o único tucano com chances num grande colégio eleitoral
O candidato à prefeitura de São Paulo
pelo PSDB, José Serra, no escritório político em seu primeiro dia de sua campanha(Nelson Antoine/Fotoarena)
As
alianças municipais que sacrificaram candidaturas próprias e o baixo desempenho
de tucanos nos principais colégios eleitorais do país jogaram um peso extra
sobre a eleição de José Serra à prefeitura de São Paulo para o PSDB. Das cinco
maiores capitais, o ex-governador é o único nome do partido com chances de
vitória.
Não à toa,
um revés nas urnas paulistanas em outubro representaria um grave dano para a
maior legenda de oposição ao governo federal.
Após
aceitar disputar pela quarta vez a prefeitura da capital paulista, Serra virou
a principal aposta da sigla nas eleições municipais. “Se ganharmos em São
Paulo, seremos reconhecidos como grandes vitoriosos. Se não ganharmos, é
provável que digam que somos os grandes derrotados desta eleição”, afirma o
presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
O cenário nas capitais contrasta com os triunfos regionais dos tucanos
em 2010. O partido foi o maior vitorioso das eleições estaduais naquele ano,
conquistando oito estados. Mas
essa hegemonia não se reverteu em cacife político para melhorar o desempenho
tucano nos centros urbanos.
Dos estados administrados pela sigla, São Paulo e Maceió são as únicas
capitais com candidaturas próprias.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na
última sexta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
afirmou que há "um pouco de cansaço do
eleitorado com a predominância do PSDB por longo tempo no poder".
Capital
Em 2008, o partido venceu em quatro capitais: Cuiabá, Curitiba, Teresina
e São Luís. Dois anos depois, contudo, os prefeitos das três primeiras cidades
se candidataram a governador em seus respectivos estados, mas apenas Beto Richa
venceu no Paraná.
Resultado: o PSDB administra hoje apenas a capital do Maranhão, o 12º
colégio eleitoral entre as capitais, com 678.070 eleitores, menor do que as
cidades paulistas de Campinas e Guarulhos.
Segundo
Sérgio Guerra, o partido projeta aumentar o número de prefeitos eleitos de 780
para 900, apostando em seis capitais. Mas, dos dez maiores colégios, os tucanos
só seguem fortes com Serra em São Paulo e com o ex-senador Arthur Virgílio em
Manaus.
Segundo
o Datafolha, entre o fim de julho e o início deste mês, Serra caiu nove pontos, de 30%
para 21%, e perdeu a liderança para Celso Russomanno (PRB), com 35%. Fernando Haddad (PT) tem 16%. "Nós já
precificamos os equívocos com esses 20% do Serra. Daqui pra frente, tudo que
vier é lucro", minimizou Guerra.
No Rio de Janeiro, o segundo maior
colégio, o deputado federal Otávio Leite é apenas o quarto na corrida que pode
ser vencida pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) já no primeiro turno.
Alianças
Já
em Salvador e Belo Horizonte, terceiro e quarto colégios eleitorais,
respectivamente, o PSDB optou por abrir mão de candidaturas próprias em favor
de alianças. Na capital baiana, tucanos se coligaram com o DEM na chapa de ACM
Neto (DEM), líder nas pesquisas.
Em
Minas, o senador Aécio Neves e o governador Antônio Anastasia fecharam apoio à
reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), que disputa contra o petista Patrus
Ananias. Nas duas capitais, entretanto, os vices são do PV.
Para o historiador Marco Antonio
Villa, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade
Federal de São Carlos, o cenário atual é reflexo de um erro de estratégia
eleitoral do PSDB, que agora ficou refém da eleição de Serra em São Paulo.
“A estratégia foi totalmente equivocada.
O PSDB despolitizou a política, deixou de fazer oposição e abriu espaço para
aventureiros, como em São Paulo. O eleitor, inclusive o paulistano, não
identifica mais nada no PSDB”, explicou.
Para Villa, uma possível derrota de
Serra na capital paulista seria como um castigo à falta de combatividade do
PSDB como oposição ao governo Dilma Rousseff.
“A derrota em São Paulo seria muito
simbólica, um tapa na cara do PSDB, que evitou o confronto com o governo
Dilma”, afirmou. “Essa eleição está muito pulverizada, com inúmeros partidos
liderando nas principais cidades. Isso tem comprometido não só o PSDB como o
PT. Será um grande desafio interpretar o cenário pós-eleitoral”,
completou.
O simbolismo da eleição paulistana
para o PSDB pode ser traduzido em números. Ao mesmo tempo em que ostentam uma
hegemonia na capital nas eleições nacional e estadual – de 1994 a 2010, os
tucanos perderam na cidade apenas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em 2002 – nas disputas à prefeitura, só houve uma vitória, com Serra em
2004, desde 1985.
"Se algum partido disser que a
prefeitura de São Paulo não é importante, estará mentindo. Essa é a terceira
eleição mais importante do país, só fica atrás da presidencial e para
governador. Todo o PSDB está trabalhando para que o Serra ganhe", afirmou
o presidente estadual do partido, Pedro Tobias.
Revista VEJA online. Fabio Leite. Fotoarena.
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