Suplementos: os brasileiros adoram.
Uma pesquisa inédita mostrou que 54% dos brasileiros tomam algum
tipo de suplemento alimentar. O índice é quase igual ao dos Estados Unidos,
onde 68% das pessoas afirmam utilizá-los.
Especialistas alertam que os suplementos alimentares só devem
ser consumidos em caso de deficiência de alguma substância.Seu uso sem
necessidade pode trazer riscos para a saúde, como o aumento de pedras nos rins
ou danos hepáticos.
Uma pesquisa inédita mostrou que 54% dos brasileiros tomam algum
tipo de suplemento alimentar. Divulgado com exclusividade pelo site de VEJA, o
estudo revelou que entre os compostos mais consumidos, estão: ácidos graxos
(ômega-3), aminoácidos (BCAA), minerais (cálcio), óleos (óleo de fígado de
bacalhau), plantas (goji berry), proteínas (whey protein), vitaminas
(multivitamínicos) entre outros (fibras, probióticos).
Participaram do levantamento 1.007 brasileiros com mais de 17
anos, de todas as regiões do país. Sobre os hábitos cotidianos, 53% dos
participantes afirmaram manter uma alimentação saudável e 55% praticam de algum
tipo de atividade física.
O trabalho foi encomendado pela Associação Brasileira de
Indústria de Alimentos Dietéticos (Abiad), Associação Brasileira das Empresas
do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa) e
Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri).
A principal finalidade do uso de suplementos alimentares, para
86% dos consumidores, é a saúde. Além disso, 83% afirmaram ingeri-los
diariamente.
Entre os principais motivos para o consumo estão a
complementação da alimentação, a saúde e o bem-estar.
Suplementação X complementação
Celso Cukier, nutrólogo e presidente do Instituto de Metabolismo
e Nutrição, explica que, antes de começar a tomar qualquer substância, é
preciso entender a diferença entre complementação dietética e suplementação
nutricional.
A primeira é realizada quando, por exemplo, ao praticar uma
atividade física intensa, a alimentação não é suficiente para fornecer ao
indivíduo toda a energia ou os nutrientes que ele precisa.
Neste caso, o produto, como o whey protein, será administrado
para complementar a alimentação do atleta. Já a suplementação é caracterizada
pela administração de doses elevadas de um nutriente ou substância específica
em caso de deficiência.
A maioria dos participantes (60%) disse que recebeu recomendação
de um profissional de saúde seja médico (29%), educador físico (16%),
farmacêutico (8%) ou nutricionista (7%).
Em geral, os mais jovens tendem a receber recomendação de
educadores físicos, enquanto os mais velhos, de médicos. Entre os que consomem
por decisão própria, apenas 25% disseram informar seu médico.
As mulheres são as principais consumidoras, mas tendem a preferir
substâncias ligadas à saúde como vitaminas, minerais e óleos. Já os homens
compram mais itens relacionados à prática de exercícios, como proteínas e
aminoácidos.
Em relação aos motivos para consumo, 86% afirmaram ser por
questões de saúde - se manter saudável ou complementar a alimentação -, 57%
pela prática de atividade física - para ter mais energia ou aumentar a força -
e 45% por razões estéticas como definir a massa muscular ou prevenir o
envelhecimento.
De acordo com a pesquisa, a maioria das pessoas começa a
consumir suplementos entre os 31 e os 40 anos, com destaque para as mulheres
dessa faixa etária.
Em compensação, os homens tendem a começar a tomar suplementos
antes das mulheres: 19% dos homens afirmou tomá-los antes dos 20 anos, em comparação
com 10% das mulheres.
Os jovens consomem mais whey protein - Em relação à faixa
etária, os jovens tendem a usar mais suplementos relacionados à estética, como
whey protein e BCAA e praticam musculação como principal atividade física. Já
os mais velhos tendem a consumir mais ômega-3 e multivitamínicos e fazer
caminhadas.
"Para funcionar bem, nosso organismo precisa receber a
quantidade adequada de micro e macro nutrientes. Os micronutrientes, como
vitaminas e minerais, desempenham um papel importante nos sistemas imune e
metabólico e podem agir como antioxidantes.
Por isso, é importante garantir a ingestão adequada. Neste caso,
os suplementos ajudam a atingir esses valores, quando a alimentação não dá
conta", explicou Silvia Franciscatti Cozzolino, nutricionista professora
da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Conselho Regional de
Nutrição (CRN).
O outro lado
A maioria dos especialistas acredita que, quando necessários, os
suplementos podem trazer benefícios para o organismo. A questão é: quando são
necessários? A pergunta tem de ser respondida pelos médicos.
Tomá-los sem a recomendação de um especialista pode significar
perda de dinheiro - o gasto médio mensal com suplementos é entre R$51 e R$100 -
ou, em alguns casos, o consumo pode até prejudicar o organismo.
O nutricionista Cukier afirma que o excesso de suplementos pode
fazer mal ou ser inóquo, sobretudo se o consumo for feito sem orientação
médica. A vitamina A, por exemplo, se ingerida em grandes doses e por um longo
período, pode comprometer o fígado, levando até à cirrose hepática.
Já o excesso das vitaminas D e C e de proteínas pode contribuir
para o desenvolvimento de cálculo renal.
No caso dos multivitamínicos, Rodrigo Macedo, mestre em Ciências
do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e
professor da Faculdade Fatima, no Rio Grande do Sul, afirma que o organismo não
consegue absorver tal combinação de diferentes compostos devido às interações
entre os micronutrientes.
"A alimentação equilibrada sempre vai fornecer todas as
substâncias que precisamos, da melhor forma possível sem ter impossibilidade de
absorção e, neste caso, dificilmente haverá déficit de algum nutriente em seu
organismo que justifique a suplementação", diz Macedo.
Estados Unidos
O último levantamento do Conselho para a Nutrição Responsável
(CRN, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, mostrou que 68% da população
americana consome suplementos alimentares. Como no Brasil, as mulheres são
maioria e correspondem a 71% destas pessoas.
Além dos produtos, a maioria (86%) dos consumidores tentam
manter uma alimentação balanceada e 52% afirmaram procurar uma opinião médica
quanto precisam de informações sobre estas substâncias.
Como no Brasil, as vitaminas estão em primeiro lugar na lista de
itens consumidos, em seguida vêm os "especializados" (como ômega-3,
fibras e probióticos) e, por último, os de origem em plantas (como chá verde e
ginseng) e direcionados para esportes e dietas (como proteínas e bebidas energéticas).
Revista VEJA
online. (iStockphoto/Getty Images).
Nenhum comentário:
Postar um comentário