Infestação de escorpião deve aumentar 70% em dois anos.
Durante o verão, é comum ouvir casos de pessoas que se depararam
com escorpiões amarelos no jardim, na janela ou na pia da lavanderia.
Escorpião
amarelo: 74,5 mil pessoas foram picadas em 2015
No entanto, o pequeno animal (que cabe até na palma da mão de
uma criança) tem se reproduzido em uma proporção fora do que é considerado
normal.
Segundo Randy Baldresca, biólogo e pesquisador, o número de
bichinhos andando pelas ruas deve aumentar até 70% nos próximos dois anos.
“Se o acúmulo de lixo permanecer nas ruas, a população continuar
mal informada em como lidar com o animal e o número de edificações for
ampliado, a situação vai se agravar”, diz Baldresca.
E a população já começa a sentir esse efeito. Na cidade de São
Paulo, por exemplo,moradores de um bairro nobre relataram que em apenas uma
semana, cerca de cem escorpiões foram capturados.
No fim do ano passado, o Tityus serrulatus (seu nome
científico), também foi responsável por desclassificar uma estudante de
Campinas (SP) no vestibular da Fuvest, prova que dá acesso à Universidade de
São Paulo (USP). Pouco antes de iniciar o exame, ela passou mal e teve que
deixar o local.
Casos como estes figuram numa série de relatos notificados desde
o início deste ano. Consultada por EXAME.com, uma empresa especializada no
controle de pragas informou que só nas duas primeiras semanas de 2016, mais de
60 infestações de escorpiões foram controladas pelos biólogos da equipe da
Grande São Paulo.
Só para se ter ideia da gravidade, a empresa registra cerca de
80 casos de infestação no período de um ano.
O Ministério da Saúde estimou a quantidade de acidentes por
escorpiões em 2015. E o número assusta: aproximadamente 74,5 mil pessoas
picadas em todo o Brasil – um aumento superior a 24% no período de quatro anos.
Vale ressaltar que a picada do escorpião amarelo pode matar. O
governo do Estado de São Paulo informou que, no ano passado, cinco óbitos foram
notificados.
Adaptabilidade e reprodução
“Esse animal é completamente adaptável ao ambiente urbano. Ele
consegue se instalar em uma residência por até um ano sem precisar se
alimentar”, diz Baldresca. “E os inseticidas usados para combater insetos não
funcionam para controlar escorpiões”.
O biólogo explica que o escorpião amarelo se reproduz até duas
vezes ao ano. Porém, quando esse animal sofre um stress (como quando jogamos
veneno ou o cutucamos), ele entra em um processo de reprodução assexuada.
“Ou seja, quando provocado, ele se autoreproduz fora de época e
libera de 20 a 30 filhotes no ambiente”, explica.
Prevenção
Se tratando da terceira espécie de escorpião mais perigosa do
mundo, é preciso saber como se prevenir. As principais vítimas, e as que correm
o maior risco, são as crianças de até 12 anos e os idosos.
Sendo assim, o biólogo recomenda que os jovens utilizem calçados
nos jardins e que o ambiente de casa esteja sempre limpo e livre de sujeira.
“Evite deixar louça na pia da cozinha, retire o lixo do banheiro
antes que ele acumule e tampe todos os ralos e pias”, diz. “Assim, você diminui
a presença de baratas, que é a principal fonte de alimentação dos escorpiões e
grande responsável por seu aparecimento nas
residências”.
Como reagir
É importante lembrar que quanto mais próximo um local for de um
cemitério, terreno baldio, trem ou riacho, maior é o risco de presença desse
aracnídeo.
Como o veneno não ajuda e não mata o bicho, o recomendado é que
ao se deparar com um, seja feita uma ação mecânica que mate o animal. Na
prática, a pessoa deve usar uma faca ou algum objeto que esmague ou corte o
escorpião ao meio.
Valéria
Bretas/Exame.com
Portal MSN.
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