Bacalhau tem cabeça, sim! Descubra mais sobre o peixe símbolo da Páscoa.
Com a chegada da Páscoa, é impossível desviar dos ovos de chocolate e dos coelhinhos. Na cozinha, porém, um terceiro elemento aparece no radar de muita gente: sua excelência, o bacalhau!
Por conta da influência portuguesa no menu nacional, o produto é um dos símbolos do feriado, dividindo opiniões: os detratores reclamam do sabor muito salgado e do excesso de espinhos, enquanto os fãs defendem a maciez da carne e o fato de que ela combina com diversos acompanhamentos.
E quem acredita que o bacalhau só presta quando imerso em azeite pode descobrir que o ingrediente aparece em outros formatos e culturas. Para os ingleses, o peixe é comida de rua: o popular "fish and chips", empanado em cerveja e farinha e frito com batatas.
Já no Japão, a versão fresca (chamada de "tara") aparece tanto cozido com pasta de soja quanto na forma de sushis. 
E não é preciso se limitar ao produto assado. "Minha versão preferida é uma salada de bacalhau em lascas com fava e cebola roxa marinada no azeite, açúcar mascavo, aceto balsâmico e sal", conta o chef do restaurante espanholVenga!, Nery Owczarzak, que também serve o peixe no formato de dadinhos com maionese de mel, um aperitivo diferente para o feriado. 
Seja de que maneira for - assado, em bolinho, em postas ou em lascas - nunca é demais aprender como comprar e usar o ingrediente a tempo de arrasar no almoço de domingo de Páscoa, ou sempre que der vontade. 
De onde vem?
Para começo de conversa, sim, bacalhau tem cabeça... E não é um peixe só - na verdade, o nome cobre várias espécies. A mais conhecida delas, chamada Gadus morhua (o famoso "bacalhau da Noruega", pescado no Atlântico norte) pode chegar a dois metros de comprimento e pesar até cem quilos.
De todos os tipos de bacalhau, é o mais macio e de carne mais branca. As variações da espécie, chamadas de Ling, Saithe e Zarbo, são bons para o preparo de molhos e também do famoso bolinho.
Já o chamado "bacalhau do Porto", de nome científico Gadus macrocephallus, é pescado no Oceano Pacífico. Parecido com bacalhau no formato e na cor da carne, ele tem sabor bem diferente do produto norueguês e pode ser usado em ensopados, recheios de torta e bolinhos.
Por que tão salgado?
Aquela crosta de sal do bacalhau seco é uma forma de conservação do alimento que vem de muito longe - os vikings já preparavam o ingrediente desta forma.
Atualmente, o peixe já é mergulhado em salmoura tão logo é pescado e posto para secar. 
Para dessalgar o peixe, é preciso paciência e muita, muita água. "O processo vai depender um pouco do tamanho das postas ou se você for trabalhar com o filé do bacalhau inteiro", explica Thiago Cerqueira, do restaurante Le Repas, em São Paulo.
"Com o bacalhau em postas, o processo de dessalgar é mais rápido: lave bem em água corrente e depois coloque em um recipiente coberto com água e gelo. Deixe na geladeira, trocando a água de 3 em 3 horas, Quando se trata de um filé inteiro, troque a a água de 8 em 8 horas durante dois dias."
Para escolher bem
Um bacalhau bom para consumo não pode ter manchas escuras na carne, tampouco rachaduras. Também não pode ter partes fofas ou com sinal de umidade.
O cheiro do ingrediente é forte, mas não ruim. Verifique também a camada de sal: ela tem que ser inteiriça e cristalizada.
Conservando
Depois de comprar, o melhor a fazer é guardar o bacalhau na geladeira. Depois de dessalgado, é possível congela-lo por até seis meses - seque bem o peixe, pincele com azeite e acondicione em um pote hermeticamente fechado.
E, na hora de preparar, não ferva o bacalhau! Após o dessalgue, ele pode (e deve) ser tratado como qualquer tipo de peixe, o que significa que é preciso ter cuidado no preparo para que ele não desmanche.
Se desejar, apenas escalde em água fervendo por dez minutos antes do preparo para um pré-cozimento.
Getty Images. Anna Fagundes
Do UOL, em São Paulo.


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