Delcídio faz acordo de delação premiada e acusa Dilma de interferir na Lava Jato.
DELCÍDIO AMARAL
Natural de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, Delcídio Amaral se formou engenheiro eletricista pela Escola de Engenharia de Mauá, e participou da construção e montagem da Usina de Tucuruí, no Pará, obra que durou de 1976 a 1984.
Depois de passagem pela Shell, na europa, foi diretor da Eletrosul em 1991, estatal responsável pelo planejamento energético da região sul.
Foi ministro de Minas e Energia do governo Itamar Franco, de setembro de 1994 a janeiro de 1995.
O senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) fez acordo de delação premiada perante o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato. Ele citou vários nomes, entre eles o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e detalhou os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás, entre outros assuntos.
As primeiras revelações do ex-líder do governo fazem parte de um documento preliminar da colaboração. Nessa fase, o delator indica temas e nomes que pretende citar em seus futuros depoimentos após a homologação do acordo.
Delcídio foi preso no dia 25 de novembro do ano passado acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato e solto no dia 19 de fevereiro. Desde que saiu da prisão, Delcídio nega ter feito delação premiada.
A revista IstoÉ divulgou há pouco detalhes da delação de Delcídio que teria 400 páginas. O senador acusou a presidente Dilma Rousseff de atuar três vezes para interferir na Operação Lava Jato por meio do Judiciário.
“É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação, segundo a revista.
Cardozo deixou esta semana o ministério alegando sofrer pressões do PT para interferir na Lava Jato. Ele foi nomeado por Dilma para a Advocacia Geral da União (AGU).
Uma das investidas da presidente Dilma passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”.
Delcídio contou aos procuradores que a estratégia foi discutida com Dilma no Palácio da Alvorada e que sua tarefa era conversar “com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez.
Conforme a IstoÉ, o senador se reuniu com Navarro no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera.
Fato que poderia ser comprovado pelas câmeras de segurança. No STJ, Navarro cumpriu a orientação, mas foi voto vencido.
Delcídio filiou-se ao PSDB em 1998, partido no qual ficou até 2001. Nesse período, fez parte da diretoria de Gás e Energia da Petrobrás durante a crise do "Apagão"
Delcídio presidiu a CPMI dos Correios em 2005, comissão parlamentar mista que investigou o escândalo de corrupção do mensalão. Não conseguiu no ano seguinte se eleger governador do Mato Grosso do Sul, vencida no primeiro turno por André Puccineli (PMDB)
Delcídio foi reeleito senador em 2010, ficando em primeiro lugar em um pleito que escolheu dois representantes para o Mato Grosso do Sul. Ele, porém, mais uma vez concorreu ao cargo de governador do seu Estado, mas perdeu no segundo turno para Reinaldo Azambuja (PSDB).

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