Juros no rotativo do cartão de crédito chegam a 480% ao ano.
No cheque especial, taxa é de 324,9%; juro médio ao consumidor é
de 42,5%, diz BC
BRASÍLIA - Os juros dos empréstimos continuaram pesando no bolso
dos brasileiros em setembro, de acordo com dados do Banco Central (BC),
divulgados nesta quarta-feira.
A taxa do cartão de crédito no rotativo bateu 480,3% ao ano —
aumento de 5,3 pontos percentuais na comparação com agosto e de 48,9 pontos
percentuais no ano. O maior patamar desde março de 2011.
Quem ficou pendurado no cheque especial em setembro arcou com um
custo de 324,9% ao ano - a maior taxa da série do BC, iniciada em 1994. No
mesmo período do ano passado, o percentual estava em 263,7% - o que representou
uma alta de 61,2 pontos percentuais.
A taxa média do crédito pessoal também subiu para 135,1% ao ano
(alta de 17,4 pp no ano). O relatório do BC mostra que apesar da manutenção da
inadimplência em 6,2% desde dezembro do ano passado - o ganho dos bancos
(spread, diferença entre o custo de captação e o valor pago pelos tomadores),
alcançou 60,8 pp - o nível mais alto da série do BC.
Na média, os juros cobrados das pessoas físicas com recursos
livres atingiram 73,3% ao ano.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o
aumento das taxas é reflexo do cenário adverso da economia nos últimos dois
anos, com aumento do risco para os bancos devido à queda na renda das famílias
e alta do desemprego.
Ele explicou também os juros médios estão influenciados pelos
custo mais alto de algumas modalidades, como do cartão de crédito, por exemplo.
- As taxas voltaram a subir em setembro e alcançaram níveis
históricos - disse Maciel, acrescentando:- É importante que o cidadão tenha
conhecimento dos custos, como cartão de crédito no rotativo, por exemplo e use
a modalidade de forma cautelosa e por curto espaço de tempo.
Para o diretor, ainda não há previsão exata de quando o corte na
taxa básica de juros (Selic) - que caiu de 14,25% para 14% na semana passada -
terá efeitos no crédito para os consumidores.
Segundo ele, é possível que haja algum impacto nos dados de
outubro, a serem divulgados pelo BC em novembro.
No mês passado, os juros médios cobrados das empresas caíram
ligeiramente para 21,4%, somando recursos livres e direcionados. Em 12 meses, a
queda foi de 1 pp.
O relatório do BC confirma a trajetória de queda do crédito: o
saldo total das operações do sistema financeiro ficou em R$ 3,109 trilhões em
setembro — registrando queda de 0,2% em relação ao mês anterior e de 3,4% no
ano.
O montante corresponde a 50,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em setembro de 2015, essa proporção era de 54% do PIB.
Houve retração nos empréstimos de forma geral e para pessoas
físicas, principalmente, o recuo foi maior devido à greve dos bancários, que
durou 30 dias.
No mês passado, as concessões de financiamento habitacional e de
consignados caíram 24% e de veículos, 8,5% - na comparação com agosto.
Avaliar, rever e ajustar
Crise econômica, desemprego ou até falta de planejamento são
alguns dos motivos que podem deixar um consumidor atolado em dívidas.
Para se livrar delas, primeiramente é preciso avaliar o quanto
deve e o quanto poderá dispor para assumir a renegociação. Depois, reveja os
gastos e ajuste o orçamento familiar e doméstico a ele, aconselha o Idec.
POR GERALDA
DOCA
Jornal O
GLOBO online. Foto: Andrew Harrer / Bloomberg.
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