Qual é a origem da fortuna
de Trump?
Milionário
e ex-apresentador de um reality show, Donald Trump – eleito presidente dos
Estados Unidos nesta quarta-feira – sempre gostou de falar sobre dinheiro.
A
simpatizantes, ele costuma vangloriar-se do tamanho de seu patrimônio e de sua
habilidade para fechar negócios.
Segundo
a revista americana Forbes, o patrimônio de Trump em setembro de 2016 girava em
torno de US$ 3,7 bilhões – tendo diminuído US$ 800 milhões no último ano. Já a
agência de informações financeiras Bloomberg, por sua vez, estima a riqueza
dele em US$ 3 bilhões.
Mas
Trump diz ter "muito mais". O empresário calcula que sua fortuna gira
em cerca de US$ 10 bilhões, mas a cifra é questionável – Trump culpa a
"terrível e desonesta" mídia por subestimar o valor de seu
patrimônio.
De
qualquer, forma, não há dúvidas de que o império Trump seja expressivo. A
maneira como ele foi construído, no entanto, é motivo de polêmica.
Herança
graúda
Trump
herdou do pai a fortuna e o estilo de negociação pelo qual ganhou notoriedade.
Fred
Trump fez fortuna no ramo da construção civil, erguendo prédios nos bairros do
Brooklyn e do Queens, em Nova York.
O
pai de Trump era conhecido pela boa qualidade de seus edifícios, muitos dos
quais ainda estão de pé, e também por sua austeridade.
Não
raro, Fred costumava terminar as obras por um valor abaixo ao do orçamento
financiado pelo governo. Sendo assim, embolsava a diferença, prática que,
apesar de legal, acabou levando-o a prestar depoimento a um comitê do Congresso
americano.
"Fred
Trump sempre buscava vantagens fiscais inexploradas", disse Gwenda Blair,
autora do livro The Trumps, uma biografia da família do empresário.
Já
Donald diz que foi sua a decisão de dar novo rumo ao negócio do pai. Antes
focado na construção de prédios de baixo custo, com o filho, a empresa passou a
se dedicar a erguer torres de luxo em Manhattan.
Gwenda
diz, no entanto, que a mudança de estratégia coube a Fred, não a Donald.
"Donald
Trump enriqueceu com o dinheiro do pai. Ele precisa do pai como seu fiador e
contou com as amizades dele na política e no setor bancário", diz a
autora.
Ousadia
O
primeiro grande projeto de Trump foi o Hotel Commodore. Ele se associou com o
grupo hoteleiro Hyatt para comprá-lo em 1976 por um preço não revelado,
rebatizando-o de Grand Hyatt.
Naquela
época, Nova York não era considerada um destino do turismo de luxo. O
investimento foi de grande risco para o jovem empresário.
Usando
sua capacidade de negociação, Trump persuadiu a administração da cidade a
conceder ao hotel uma redução de impostos por 40 anos, gerando uma economia de
US$ 160 milhões. Em 1996, ele vendeu sua metade do hotel Hyatt por US$ 142
milhões.
Trump
continuaria a investir no desenvolvimento e na construção de grandes edifícios
em Nova York, incluindo a compra do Hotel Plaza e da antiga sede do Banco de
Manhattan.
Nas alturas
A
joia da coroa da empresa é o Trump Tower, um edifício de 58 apartamentos na
Quinta Avenida, o templo do comércio de luxo da cidade, concluído em 1983.
O
prédio ainda é a sede das Trump Organization. O empresário e sua família vivem
nos andares superiores do edifício.
Donald
Trump emergiu como magnata do ramo imobiliário, mas a maior parte de sua
herança vem do valor de sua marca, que começou a ser construída na década de
80.
A
partir daí, começou a licenciar seu nome para outras empresas, ganhando fama
mundial. As empresas, por sua vez, pagam royalties pelo uso da marca ao
empresário.
A
Trump Organization detém participações em cerca de 500 empresas em uma grande
variedade de negócios que vão muito além do setor imobiliário e incluem
cassinos, hotéis, serviços financeiros, desenvolvimento de jogos de tabuleiro,
e até concursos de beleza.
Trump
é dono da empresa de produção de TV responsável pela criação e venda da
franquia de programas do reality show The Apprentice (O Aprendiz, no Brasil) do
qual se tornou também apresentador na versão americana.
Durante
vários anos, Donald Trump foi dono da empresa organizadora dos concursos de
Miss Universo e Miss EUA, que lhe renderam um lucro enorme segundo analistas
financeiros.
No
processo de desencompatibilização exigido pelas leis eleitorais americanas,
Trump vendeu a empresa, em setembro de 2015, para a WME/IMG por um valor não
revelado.
Desperdício
zero
Mas
foi com a publicação do livro A arte da negociação que Trump foi alçado ao
estrelato.
O
empresário solidificou sua reputação como negociador sem papas na língua
durante sua carreira de dez anos como apresentador do programa de TV O
Aprendiz.
A
rispidez com que criticava e demitia os participantes do programa lhe franqueou
uma legião de admiradores.
Como seu pai, Trump
costuma economizar cada centavo.
"Vou
até o inferno para pagar o menos possível", disse ele.
Seu
estilo polêmico lhe rendeu vários processos na Justiça, muitos deles de cunho
trabalhista.
Mas
Trump também deu início a batalhas legais. Ele processou uma ex-participante do
Miss EUA que criticou a competição.
Também
levou o Deutsche Bank à Justiça depois que o banco se recusou a lhe dar uma
extensão do empréstimo para um projeto de construção em Chicago.
Apesar
do perfil incendiário, Trump é elogiado por seu tino para os negócios.
O
investidor americano Carl Icahn descreve o empresário como "um cara com
uma mente muito aberta."
"Ele
tem um ego forte, acredita em si mesmo e está disposto a ouvir", diz.
Império
de alcance global
Os
negócios de Trump no exterior são tão polêmicos quanto sua retórica de
campanha.
Ele
chamou os chineses de trapaceiros, mas convenceu investidores do gigante
asiático a financiar alguns de seus projetos imobiliários.
Ele
diz que ama a Escócia, onde sua mãe nasceu e onde mantém vários campos de
golfe, mas criticou o governo escocês por permitir a construção de um parque
eólico no entorno da área, em Aberdeenshire.
Já
o Trump Ocean Resort Baja Mexico foi forçado a chegar a um acordo com
investidores que gastaram milhões de dólares para comprar condomínios ou
apartamentos que nunca foram construídos.
Quando
a polêmica em torno do fracassado complexo cresceu, Trump disse à Justiça que
sua imagem foi usada indevidamente e que ele não era responsável pela
construção.
© PA Trump. Foto Jornal O
GLOBO online. © Getty Images
trump.
Portal MSN.
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