Quem
se endivida, não cresce. Você acredita nisso?
Eu
cresci ouvindo que “quem não se endivida, não cresce”, ou “quem não financia,
não conquista nada”. As palavras talvez não sejam exatamente isso, mas você
pegou a ideia.
Assim,
até determinado ponto de minha juventude, acreditei que o caminho “normal”, era
carregar umas dívidas vitalícias para poder “ter as coisas”.
A
frase faz mais sentido quando trazemos para o mundo corporativo. Sem dúvida, no
caso de empresas, a alavancagem muitas vezes faz parte do negócio, mas, após
ser feita uma análise minuciosa de Retorno x Risco e, claro, onde a
rentabilidade seja maior do que a taxa do dinheiro tomado.
Esse
quadro, no âmbito “pessoa física”, tem probabilidade praticamente nula. Para
você conseguir rentabilidades superiores as taxas dos empréstimos pessoais, a
não ser que você seja um gênio da análise gráfica, é uma tarefa que beira o
impossível (além de muito arriscada).
Aplicativo
gratuito recomendado: Dinheirama Organizze, o controle de suas finanças na
palma da mão
Falácia
secular
Como
nossa economia é, sob muitos aspectos, sustentada pelo consumo e, por
consequência, muitos segmentos dependem de forma intrínseca do financiamento,
principalmente o imobiliário e o automotivo, endividar-se sempre foi um comportamento
socialmente aceito e estimulado.
Embora
vejamos frases cheias de boas intenções como “crédito consciente” faladas pelos
bancos, a verdade é, banco vive de emprestar dinheiro. Por isso “crédito” e
“consciente” na mesma frase, é no mínimo, uma piada de mau gosto.
O
que pouca gente para pra pensar é que, é possível ter MUITO mais se você não se
endividar. Aqueles que esperam o bolo crescer para comê-lo, via de regra, ficam
com o melhor da festa.
A
lógica dos juros compostos é muito simples: quanto menos você mexe no dinheiro,
mais regulares são os aportes, e mais longo o período, maior é o resultado
final.
No
entanto, se além de não conseguir “poupar”, ainda está pagando juros, a perda é
dupla, por mais que isso signifique a aquisição de um bem.
O
inverso também é verdadeiro: ao deixar de pagar juros para poupar e investir, o
ganho é, de certa forma, duplo: além de ganhar com seus investimentos, você
deixou de perder.
Isso,
aliado ao tempo, faz o dinheiro ganhar força através da “mágica dos juros
compostos”. Do contrário, sem mágica.
Não
existe uma única verdade
É
muito mais confortável acreditar em verdades prontas e simplesmente seguir a
manada. É a máxima de: “sempre foi assim e vai continuar sendo, desde meu avô,
meu pai, todo mundo passou por isso”.
Talvez
muitas das pessoas que pagaram financiamento imobiliário a vida inteira, ou
compraram carro zero a cada 2 anos (financiando a diferença e perdendo de 10% a
20% ao retirar o carro da loja), poderiam ter conquistado muito mais do que
conseguiram.
Sim,
eu sei que já falei que “nem sempre precisamos de mais”. Porém meu ponto é o
desperdício de energia e dinheiro pela resistência a mudança.
Imagine.
Num financiamento de 30 anos você trabalhará durante uma vida para pagar juros,
e enriquecer ainda mais quem já é muito rico.
Esse
dinheiro não ficaria muito mais bonito no seu bolso? No meu eu tenho certeza
que sim. E é impressionante a quantidade de oportunidades que aparecem para
multiplicá-lo, pelo simples motivo de haver liquidez.
Não
pense você que não invisto no mercado imobiliário, mas jamais faço isso me
endividando.
Compro
terrenos em cidades pequenas, onde ainda é possível fazer com pouco dinheiro, e
ter um bom retorno em prazos relativamente curtos. No entanto, isso é apenas
uma parte pequena do meu portfólio.
Se
eu tivesse trilhado o caminho pisado, provavelmente estivesse limitando
bastante o crescimento do meu patrimônio e minhas opções de investimento.
A
outra verdade
Pois
é, a verdade vai para ambos os lados. Pode ser que para você faça sentido a dívida,
e ainda assim, consiga amealhar um bom patrimônio. É mais trabalhoso, mais
penoso, mas não é impossível.
A
realidade de cada um é muito distinta. Inclusive a realidade de cada lugar
desse mundo enorme. Então, não tornemos isso pessoal. A questão é que, na
média, o endividamento das famílias lhes tira a chance de enriquecer.
Ter
30% de sua renda comprometida com a compra de um imóvel, pode parecer pouco,
mas não é. Sem contar que, na maioria dos casos, esse percentual é muito maior,
já que comprovação de renda nem sempre é fidedigna.
Custos
acessórios pesadíssimos são desconsiderados, como impostos (ITBI, IPTU e custos
cartoriais), seguro, manutenção, depreciação e, quem compra imóvel na planta,
quase sempre se esquece do enorme gasto com a reforma inicial e mobiliário.
Então,
no geral, as famílias estão pagando um preço muito alto por simplesmente
manterem viva a ideia de que, sem parcelas não há conquistas.
Fico
aqui pensando, que pena que a cultura não tenha deixado o ensinamento de que
“quem não poupa, não conquista”.
A
sua verdade
Como
de costume, gosto de reforçar: não há certo ou errado. A decisão a ser tomada
tem que ser sua, baseada nos seus valores e naquilo que faz sentido para você.
Não
estou aqui para dizer o que fazer, mas para oferecer mais subsídios para que
tudo seja pensado e repensado nesse caminho longo da vida.
Temos
o péssimo hábito de decidir as coisas por impulso, ou na simples inércia
cultural que nos empurra a ir pelo caminho comum. O mercado ama isso.
Vendedores
são treinados exaustivamente para nos pegar nesse “exato momento”, quando, não
estamos usando a razão. Já notou como eles não querem lhe dar tempo para
raciocinar?
Sim,
quem pensa bem, normalmente não compra. Vendedor quer emoção! Quanto mais
emoção, mais venda, mais dinheiro para ele e, mais endividado o consumidor
fica.
Conclusão
Assim,
nessa minha humilde jornada, lhe convido que use tudo isso a seu favor. Use a
cautela e a razão para tomar suas decisões financeiras. Vá para casa, “durma no
consumo”, espere passar alguns dias, ou até muitos deles, e depois volte ao
assunto.
Não
se deixe levar pela velha conversa de “é hoje só”, “oportunidade única”,
“última unidade”. Se for esperto, vai perceber que é mais de uma de um extenso
repertório de vendas, feito para fazer o consumidor comprar, e não pensar.
Fica
o convite: quando o assunto for seu bolso e as finanças de sua família,
reflexão pouca é bobagem.
Pense
muito! Concorde você ou não comigo sobre endividar-se, tenho certeza que em uma
coisa estamos alinhados: com dinheiro não se brinca.
Que você tenha uma vida
plena, próspera e uma mente em paz com suas escolhas. Um abraço e até breve!
Este artigo foi escrito
por Renato De Vuono.
© Fornecido por Dinheirama
Educacional S.A.
Portal MSN.
Nenhum comentário:
Postar um comentário