Dormir
pouco pode aumentar risco de Alzheimer.
Apenas uma noite mal dormida pode
causar um aumento de cerca de 5% nos níveis de uma proteína associada à doença.
As proteínas beta-amiloide e tau
estão intimamente ligadas ao Alzheimer. Padrões de sono inconstantes podem
estar ligados ao aumento do risco de Alzheimer.
É o que sugere um estudo preliminar
realizado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Segundo a
pesquisa, publicada esta semana na revista Proceedings of National Academy of
Sciences, quando um indivíduo não descansa adequadamente, os níveis de uma
substância tóxica no cérebro aumentam, podendo causar doenças que prejudicam a
memória.
Os resultados do estudo apontaram que
após uma noite de privação de sono, os participantes apresentaram níveis muito
altos de beta-amiloide, uma proteína conhecida por ser um fator de risco para o
Alzheimer, em comparação aos níveis encontrados em pessoas que tiveram uma boa
noite de sono.
A
pesquisa
De acordo com The Irish Times, o
exame preliminar acompanhou 20 participantes saudáveis, com idades entre 22 e
72 anos, ao longo de duas noites.
A pesquisa descobriu que houve um
aumento significativo – cerca de 5% – nos níveis de beta-amiloide dos
voluntários privados de sono durante a noite.
“O aumento da beta-amiloide que vimos
nos cérebros das pessoas provavelmente é
um processo prejudicial. Podemos concluir que maus hábitos de sono criariam um
risco para o Alzheimer”, disse o médico Ehsan Shokri-Kojori, líder do estudo.
Esta é a primeira vez que essas
alterações cerebrais ligadas à condição são estudadas após uma noite de insônia
em um cérebro humano.
Estudos sobre os níveis de
beta-amiloide em determinados grupos de indivíduos apontaram que pessoas com
leve perda de memória possuem 21% a mais dessa proteína em seus cérebros do que
pessoas saudáveis; já aquelas com Alzheimer têm 43% a mais de beta-amiloide do
que pessoas sem a doença.
Para os autores, o sono pode
desempenhar um papel importante no sistema natural de eliminação de resíduos,
acabando com o material potencialmente nocivo do cérebro, inclusive a
beta-amiloide.
Entretanto, como o estudo não
comprovou se os efeitos de uma noite sem dormir são duradouros ou só podem ser
vistos apenas durante dia seguinte, ele recebeu críticas de outros
pesquisadores estudiosos do Alzheimer.
Críticas
ao estudo
Apesar de concordar com a descoberta,
o diretor científico da Alzheimer’s Research UK, o médico David Reynolds,
afirmou que o estudo não analisou o porquê de uma noite de sono melhor
influenciar na diminuição dos níveis de beta amiloide.
“Descobrir mais sobre como o cérebro
processa esta proteína dará aos pesquisadores conhecimento vital enquanto eles
trabalham em maneiras de limitar a formação prejudicial de beta-amiloide que
vemos na doença de Alzheimer”, disse ele ao The Irish Times.
Ainda segundo Reynolds, embora haja
uma série de benefícios conhecidos para a saúde quando uma pessoa desfruta de
uma boa noite de sono, mais pesquisas são necessárias para analisar exatamente
como certos padrões de sono afetam o risco de Alzheimer a longo prazo.
(iStock/Getty Images).
Revista VEJA online.
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