Ansiedade e ataque de pânico:
Qual a diferença entre eles.
Se você é uma pessoa que costuma sofrer de ansiedade, ler o
noticiário atual pode ser suficiente para te deixar ainda mais ansioso por um
tempinho (ou talvez o dia inteiro, sejamos sinceros).
Outras vezes, uma sensação esmagadora de ansiedade pode aparecer
do nada, sem nenhum motivo aparente.
Algumas pessoas se referem casualmente a esses períodos de
intensa ansiedade como “ataques de ansiedade”; outros podem
dizer que estão tendo um ataque de pânico.
Mas são duas coisas completamente diferentes. Leia abaixo o que
dizem os especialistas sobre a diferença entre um ataque de pânico e um ataque
de ansiedade, e como lidar com eles.
A definição de ansiedade muda de pessoa para pessoa.
“Ataque de pânico é um termo clínico, ao contrário de ataque de
ansiedade”, diz Alice Boyes, autora de The Healthy Mind Toolkit (As ferramentas
de uma mente saudável, em tradução livre). “Ter um ataque de ansiedade pode ter
significados diferentes, dependendo da pessoa.”
Christina Boisseau, professora associada do departamento de
psiquiatria e ciências comportamentais da Feinberg School of Medicine, da
Universidade Northwestern, diz que o termo “ataque de ansiedade” tipicamente se
refere a uma experiência mais específica, muitas vezes motivada por algo
peculiar ao indivíduo.
“Quando alguém diz que está tendo um ataque de ansiedade, é um
termo mais coloquial, mas normalmente elas se referem à ansiedade em relação a
algo que está acontecendo, seja na escola, no trabalho ou nos relacionamentos”,
diz Boisseau.
“Existe algo identificável causando o estresse. E, quando as
pessoas ficam realmente ansiosas ou preocupadas, podem sentir sintomas físicos
como batimentos cardíacos acelerados ou aperto no peito.”
Ataques de pânico são inesperados
Embora a ansiedade seja algo que você sinta em expectativa ou
reação a algo, Boisseau afirma que ataques de pânico costumam aparecer do nada.
“Ataques de pânico são ímpetos de medo ou desconforto intenso,
acompanhados por sintomas assustadores – o coração dispara, você fica tonto ou
começa a respirar ofegante de repente”, diz ela.
“Os sintomas atingem o ápice em alguns minutos e não duram muito
tempo.”
Boyes afirma que algumas pessoas têm ataques de pânico noturnos
– acordam de um sono profundo com sensação de pânico, sem motivo aparente.
Apesar de o ataque de pânico passar mais rápido do que a
sensação geral de ansiedade, seu corpo demora se livrar dos químicos e da
adrenalina que se acumularam no episódio.
“Você pode se sentir esquisito durante um tempo”, diz Boyes.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(também conhecido como DSM-5), da Associação Psiquiátrica Americana, é usado
para diagnosticar doenças mentais nos Estados Unidos.
De acordo com a versão mais recente do DSM-5, ataques de pânico
são caracterizados por 4 ou mais dos sintomas abaixo:
Sintomas de ataque de pânico
• Palpitação ou coração
batendo forte
• Suor
• Tremores musculares
• Falta de ar ou a
sensação de estar sendo esmagado
• Sensação de
estrangulamento
• Dor ou desconforto no
peito
• Náusea ou dores
abdominais
• Tontura e desmaios
• Sensação de estar
desconectado do ambiente ou de ser um observador externo do próprio corpo
• Medo de perder o
controle ou ficar louco (literalmente achar que vai enlouquecer)
• Medo de morrer
• Dormência ou
formigamento
• Ondas de frio ou de
calor
Se você tem
ataques de pânico regularmente, pode sofrer de síndrome do pânico
Boisseau diz que a maioria das pessoas vai ter um ataque de
pânico em algum momento de suas vidas, mas só 2% ou 3% da população
desenvolverá síndrome do pânico.
“Síndrome do pânico é basicamente medo do medo”, diz Boisseau.
“Quem tem síndrome do pânico tem medo das sensações físicas do pânico.
Elas acham que algo possa estar errado com elas, como se
estivessem morrendo ou ‘ficando loucas’. Essencialmente, elas têm medo de
passar por um ataque de pânico.”
Esse medo significa que as pessoas evitem certos lugares (como
aviões, lugares pequenos ou muito cheios) ou situações (como dirigir) em que os
ataques aconteceram no passado, para evitar recorrências.
“Elas pensam: vou ter um ataque de pânico porque já aconteceu
aqui uma vez”, diz Boisseau. “Mas esse pensamento acaba gerando mais ansiedade
no longo prazo.”
Como lidar com ataques de pânico e ansiedade
Você pode ter se consultado com um psicólogo e recebido um
diagnóstico clínico de ataques de pânico (ou síndrome do pânico), ou então
lidar com ansiedade e períodos de estresse intenso – mas os mecanismos de
defesa são similares, diz Boyes.
“Do ponto de vista do tratamento, não é essencial estabelecer se
você tem pânico ou ansiedade”, afirma ela.
Tanto Boisseau quanto Boyes afirmam que a terapia
cognitivo-comportamental pode ser extremamente eficiente para lidar com o
problema.
A terapia cognitivo-comportamental busca lidar com as questões
que a pessoa evita por causa da ansiedade. O objetivo é diminuir essa sensação
de ansiedade com o tempo.
Boisseau afirma que, em alguns casos, inibidores seletivos de
receptação de serotonina (antidepressivos como Zoloft e Prozac, por exemplo),
podem ajudar no tratamento.
Hábitos cotidianos e técnicas que podem ser usadas no momento
dos ataques também ajudam.
“A maneira mais fácil de lidar com sensações de ansiedade é
respirar lentamente”, diz Boyes, enfatizando que é importante praticar isso
antes de ter um ataque.
Assim, você vai saber o que fazer na hora. “Concentre-se na
expiração, como se estivesse enchendo uma bexiga, tirando todo o ar dos
pulmões, e depois inspirando normalmente.
Faça isso durante alguns minutos se passar por um ataque de
ansiedade ou de pânico. Vai ajudar.”
O importante é saber que ataques de ansiedade e de pânico são
tratáveis, afirma Boisseau. “Quem sofre de ataques de ansiedade e de pânico
pode melhorar muito a vida.”
*Este texto
foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.
Colleen
Travers.
© cosmaa via
Getty Images.
Portal MSN.
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