Cresce número de mais escolarizados que desistem de procurar
emprego.
Desempregado desde 2017, o engenheiro Diogo Dutra da Silva usa
as economias enquanto não retorna ao mercado.
Desde que o Brasil entrou oficialmente em recessão, em 2014, o
desalento – quando o trabalhador desiste de procurar emprego simplesmente por
achar que não vai mais conseguir encontrar uma vaga – subiu a pirâmide social.
O número de trabalhadores com maior nível de escolaridade que
entrou nessa categoria aumentou exponencialmente.
No terceiro trimestre do ano passado, o total de pessoas que
estudaram por dez anos ou mais (que é o equivalente a ter ao menos iniciado do
o ensino médio) e tinham parado de buscar trabalho era de 1,66 milhão, de
acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad)
Contínua.
No terceiro trimestre de 2014, esse número era de 394 mil
pessoas.
Isso quer dizer que mais de 1,27 milhão de trabalhadores bem
qualificados, em plena idade produtiva, caíram no desalento de 2014 até
setembro do ano passado, pelos números da pesquisa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), compilados pela consultoria IDados.
Em 2012, o primeiro ano da Pnad, os trabalhadores com maior
formação eram 26% dos desalentados. Agora, eles já chegam a 35%.
O porcentual de brasileiros mais escolarizados que desistiram de
buscar um emprego começou a crescer em 2015 e avançou sete pontos porcentuais
em apenas três anos.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, esse movimento é ruim
porque indica que mesmo as pessoas com maior qualificação estão pessimistas com
o mercado de trabalho.
Um dos motivos para esse desânimo é que, na saída da recessão,
as vagas de emprego criadas são, em sua maioria, de baixa remuneração, muitas
vezes informais – foi isso que sustentou a pequena queda da taxa de desemprego
no ano passado.
Puxada exatamente pelo aumento da informalidade, a desocupação
caiu de 13,1%, no início do ano, para 11,6%, no fim de dezembro.
Padrão
Além disso, como esses trabalhadores que acumularam anos de
estudo tinham salários maiores antes do desemprego, quando o desalento chega a
esse grupo, a renda familiar é mais prejudicada, analisa Bruno Ottoni, da
IDados.
“São pessoas mais qualificadas e com um padrão de vida melhor,
que desistiram em algum momento de procurar emprego.”
Por estarem em uma situação mais frágil no mercado de trabalho,
ganharem menos e estarem mais sujeitos a perder o emprego, os brasileiros com
menor formação ainda são a maioria em situação de desalento, mas a presença
deles entre os que desanimaram de procurar uma vaga caiu de 73%, no terceiro
trimestre de 2014, para 65% no terceiro trimestre do ano passado.
Douglas Gavras. Foto:© Helvio
Romero/ Estadão
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ESTADÃO.
Portal MSN.
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