Como se libertar do arrependimento e seguir em frente.
Mudar o processo de pensamento
pode te libertar dos sentimentos de culpa, vergonha ou tristeza
Com que
frequência você se pega imerso na sensação
de arrependimento? A princípio, reavaliar o passado pode ser uma oportunidade
de aprender com os erros, mas quando os sentimentos de vergonha, tristeza ou
culpa assumem o controle, essa emoção pode se tornar destrutiva.
Segundo
especialistas, adultos que deixam o arrependimento dominá-los podem desenvolver
problemas físicos e mentais, como a cardiopatia e a depressão.
Assim, a
única saída é mudar o seu processo de pensamento para se libertar do
arrependimento e viver uma vida mais leve. Essas histórias reais e
dicas de especialistas mostram como isso é possível.
História real:
Com 13 anos, Paola Tosca era uma
adolescente típica, mais interessada em sair com os colegas do que com os pais.
Quando o pai teve um infarto súbito e morreu, Paola se arrependeu imediatamente
do modo que escolheu levar a vida.
“Não ter
tido tempo suficiente para conhecer meu pai é maior arrependimento”, diz ela,
hoje com 62 anos.
Para lidar
com a perda do pai no decorrer das décadas, Paola, que é escritora e
presidente-executiva de uma empresa de informática, forçou-se a trabalhar muito
e a aproveitar bem a vida para que ele se orgulhasse.
“Construí
minha vida sobre sua ausência. Meu desejo de viver intensamente e ter sucesso
na vida nasceu quando ele morreu”, conta ela.
Como se libertar do arrependimento: especialistas dão dicas
Pare de julgar o passado.
Ao pensar
em decisões antigas é possível acreditar erroneamente que se fez a escolha
errada, o que piora o arrependimento. “Em geral, não nos damos créditos por
tomar a melhor decisão”, diz Wändi Bruine de Bruin, professora na
Universidade de Leeds, na Inglaterra, e pesquisadora do efeito o arrependimento
sobre a saúde mental.
“Hoje você pode ter informações
diferentes das que tinha na época. Se quiser usar o arrependimento de forma
produtiva, pergunte-se: ‘Dado o que eu sabia na época, teria feito algo
diferente? O quê?’”
Aceite a inação.
Quando envelhecemos, o mais provável é termos menos
poder de mudar as circunstâncias de que nos arrependemos. No entanto, aceitar
essa incapacidade ajuda a lidar com os sentimentos.
“As
pessoas têm de aceitar o que fizeram ou deixaram de fazer, porque talvez não
haja mais oportunidades de consertar”, diz Carsten Wrosch, professor de
Psicologia da Universidade de Concordia, no Canadá.
Para se
libertar da necessidade de consertar, o professor aconselha envolver-se em
outras atividades importantes na vida. “Elas
podem servir de mecanismo de superação”, explica.
Busque sabedoria interna.
Sem
dúvida, aos 60 anos acumulamos bem mais arrependimentos do que aos 20. Mas nem
todos têm o mesmo impacto. Felizmente, muitos adultos têm mais condições
de lidar com a emoção.
Uma
pesquisa de Tom Gilovich, professor de Psicologia da Universidade de Cornell,
em Nova York, mostrou que os mais velhos ficam menos arrasados com o
arrependimento. “Quando somos jovens, nos envolvemos, e os detalhes concretos
são mais vergonhosos. Quando envelhecemos, temos um ponto de vista mais amplo”,
diz Gilovich.
Avalie a situação.
A pesquisa
também mostrou que a causa mais comum de arrependimento são as oportunidades
perdidas. Ou seja, as pessoas tendem a fantasiar com os benefícios que
acreditam ter perdido, mas ignoram as desvantagens que surgiriam naturalmente
Nunca
conseguiu aquela promoção? Provavelmente você pensa no aumento perdido sem
considerar o estresse que o cargo traria. Por isso,
em vez de imaginar uma realidade alternativa, concentre-se no que há de bom na
sua vida.
“Evite comparações.
Isso corrói a felicidade que você já
tem. Se fizer comparações, procure as que mostram sua sorte, e não seu azar.
Tente se alegrar em vez de se arrepender”, diz Wändi.
Empregue o pensamento otimista.
A pesquisa
de Gilovich descobriu que é possível diminuir a força do arrependimento caso
você encontre algo positivo que se materializou por causa da situação de que se
arrepende. Assim, é fundamental olhar para os fatos com um filtro mais otimista. “Racionalize, identifique o lado
bom”, sugere Gilovich.
Tenha uma vida ativa.
Por fim,
as pessoas tendem a se arrepender mais da inação do que da ação. Por isso, os
pesquisadores sugerem que talvez houvesse menos arrependimentos de agíssemos
mais e fugíssemos menos das coisas.
“Se estiver tentando decidir se deve
ou não fazer alguma coisa e a razão for ‘o que vão os outros vão pensar?’,
faça”, diz Gilovich.
O arrependimento pela inação não é
irreversível quando nos damos permissão. “Não é raro aposentados dizerem: ‘Sabe
de uma coisa?
Sempre
quis aprender a falar outra língua ou tocar um instrumento, mas não posso fazer
isso nesta idade.’ Você não será um novo Yo-Yo
Ma, mas há muita satisfação quando assumimos o comando de um
arrependimento. Vá fundo.”
Por Lisa Fields.
Imagem: AntonioGuillem/iStock.
Por: Amanda Santos.
Conteúdo Revista SELEÇÕES.
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