Estudo revela
que crianças têm maior carga viral do que adultos.
Descoberta pode impactar na decisão de reabertura de creches e
escolas.
Um dos maiores estudos até o momento sobre a relação entre
crianças e o novo coronavírus descobriu que o papel dos mais novos na difusão
do Sars-CoV-2 é ainda maior do que se pensava.
De acordo com os pesquisadores, as crianças infectadas com o
vírus apresentaram maior carga viral nas vias aéreas do que os adultos
internados em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva).
Na prática, isso quer dizer que as crianças são mais contagiosas
que os adultos, independentemente de apresentarem ou não complicações por causa
da doença.
O estudo, realizado por cientistas do Massachusetts General
Hospital afiliado a Universidade de Harvard do Mass General Hospital for
Children, foi publicado no Journal of Pediatrics.
Ao todo, 192 crianças e jovens com idade entre 0 e 22 anos participaram
da análise, dentre as quais 67 haviam sido infectadas pelo novo coronavírus.
Entre as descobertas está a de que os sintomas mais comuns do
coronavírus em crianças são os que mais se aproximam de resfriados comuns –
febre, tosse e coriza –, o que pode confundir pais e responsáveis quanto a
possibilidade do contágio pelo Sars-CoV-2.
O risco de transmissão do vírus aumenta em casos de maior carga
viral, o que confirmaria a hipótese de que crianças são vetores da doença.
Dados
anteriores estavam equivocados
Os achados poderiam, por exemplo, impactar a reabertura de
escolas e creches por causa do contato entre as crianças e os funcionários.
Para os cientistas, as primeiras conclusões, que indicavam que
os infectados eram majoritariamente adultos, estavam equivocadas.
Os resultados mostram que as crianças, apesar de não ficarem tão
doentes, também são facilmente infectadas e sua aparente resposta imune ao
vírus pode confundir adultos e resultar na maior transmissão da doença.
Além disso, o estudo revelou que crianças tem menos receptores
do vírus, o que explicaria a doença mais branda e melhor resposta imunológica.
No entanto, a baixa quantidade de receptores do Sars-CoV não impede que os mais
novos acumulem alta carga viral.
Pelo menos 30 autores assinam o estudo que, de forma geral,
recomenda em caso de retorno às aulas presenciais que as escolas não utilizem a
medição de temperatura ou os sintomas clínicos como base para aferir se uma
criança está ou não com a Covid-19.
Esses
dois critérios não são provas cabais de infecção nem mesmo entre os adultos.
A melhor maneira de se proteger ainda é o distanciamento social,
uso de máscaras, lavagem eficaz das mãos e o ensino à distância quando
possível.
Imagem:
sutlamaior-carga-viral-do-coronavirus-do-que-adultos/
MATHEUS MOREIRA || FOLHAPRfk/iStock.
Por: Douglas
Ferreira.
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Revista SELEÇÕES.
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