Tempestade na economia:
Tempestades dificultam a vida. Impedem a visão, reduzem a segurança e
tendem a provocar e a amplificar desastres.
Esse é um bom paralelo com o que esperar para a economia brasileira
neste ano. O cenário será complicado, com eleição, Congresso amarrado,
desemprego, inflação, dólar e juros altos.
Ao que tudo indica, 2022 vai exigir resiliência.
E cabe ao governo elaborar medidas paliativas para destravar a economia.
Para os empresários, a recomendação é cautela e planejamento para atravessar a
jornada turbulenta que se avizinha.
A narrativa do crescimento em V,
prometido pelo ministro da Economia Paulo Guedes, ficou para trás em 2021 e o
discurso oficial foi retificado: agora, vale a versão de que a equipe econômica
nunca fez essa promessa.
Mesmo assim, a piora evidente do ambiente econômico e as incertezas
fiscais trazidas pelo furo no teto de gastos têm deixado reticentes até os mais
otimistas com a economia.
A edição mais recente do Relatório Focus, pesquisa junto aos economistas
do sistema financeiro que é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC),
estima um crescimento de 0,36% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro
neste ano.
É um valor baixo para sustentar uma retomada do motor econômico. Na
indústria, o temor dos empresários é com a falta de insumos e com o preço do
dólar, que pode afetar diretamente a produção.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), se a reposição de
insumos for normalizada, o setor conseguirá crescer 0,5%. Porém, no caso da
continuidade dos problemas, o tombo pode bater 2,5%.
No comércio, o encarecimento do crédito e a inflação que vem corroendo a
renda do brasileiro estão no topo das preocupações. Segundo a economista da
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Izis
Ferreira, a queda de 0,1% no varejo em outubro de 2021 e de 1,2% nos serviços
indicam o que esperar para 2022. “Esses são indícios de crescimento menor”.
O agronegócio segue como exceção. Com a continuidade do real depreciado
frente ao dólar, a única ameaça ao setor é o encarecimento dos custos de
produção, em especial os da energia e dos fertilizantes para os produtores que
não exportam.
Mesmo assim Renato Conchon, o coordenador do Núcleo Econômico da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), estima alta de 2,4% do
PIB do setor.
Se os empresários se mostram inseguros, o governo precisa tratar de trazer uma sensação de normalidade para este ano. E essa solução vem de dentro da sala de Guedes. Desde dezembro, a equipe econômica vem montando uma lista para apresentar ao presidente Bolsonaro.
Ao todo são dez medidas cuja aprovação é considerada “fácil” pela equipe
econômica. Elas serão usadas para mudar, nas palavras de um assessor de Guedes,
“o fôlego para o empresariado em 2022”.
A ideia do governo é que, juntas, as ações tenham potencial de reduzir
em R$ 124 bilhões o custo Brasil.
INFRAESTRUTURA.
Entre as mais esperadas pelo mercado estão os marcos do setor elétrico
(Projeto de Lei 414/2021) e do Reemprendedorismo (PLP 33/20), além das medidas
que afetam os setores de infraestrutura, como Projeto das Debêntures de
Infraestrutura (PL 2646/20) e o marco legal das PPPs (PL 7063/17).
Na avaliação do advogado especializado na área de infraestrutura e sócio
do escritório Donelli e Abreu Sodré Advogados (DSA), Luis Fernando Zenid, as
medidas que envolvam regulação e melhoria da infraestrutura são as mais
esperadas.
“A começar pelo setor portuário”, disse. Nesse segmento, o governo
pretende levar ao menos quatro terminais para a iniciativa privada, com a
primeira concessão já em fevereiro.
“Mesmo em se tratando de ano de eleições, espera-se grandes avanços para
economia dentro do setor de infraestrutura”, afirmou.
Essa é a aposta de Bolsonaro. Se a economia reagir, ele se mune de argumentos para enfrentar o período eleitoral.
E para atender também a fatia do eleitorado mais radical, em especial
com questões ambientais, o ministro Paulo Guedes espera aprovar uma nova lei de
licenciamento ambiental (PL 3729/04), a Lei de Mineração em terras indígenas
(PL 191/20) e a reforma da lei de concessões florestais (PL 5518/20).
O ministro Paulo Guedes e sua equipe vêm trabalhando em medidas para
destravar a economia. Caberá a Bolsonaro — e ao Congresso — aprová-las
Para o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, esses projetos estão
ligados à estratégia de reeleição e podem ser nocivos para a economia. “Guedes
assumiu uma agenda política.
Se afastou da agenda de reformas estruturantes”, disse. Professora da
Universidade de Brasília (UNB) e uma das convidadas por Michel Temer em 2016
para desenhar o projeto do teto de gastos, a economista Carolina Santana
critica as medidas mais populistas, em especial as que envolvem o Auxílio
Brasil.
“A mudança de nome do programa, a ampliação no número de beneficiários,
tudo isso têm caráter eleitoreiro e complica as contas públicas por não ter
fonte definida de financiamento”, disse.
Sem dar detalhes do que fazer para resolver este problema, o Ministério
da Economia informa que a questão fiscal nunca ficou descoberta e segue como
prioridade. Com um piloto sem rota e o combustível acabando, a viagem de 2022
não será fácil. Para o investidor, é preciso redobrar as precauções.
Imagens
e Conteúdo:© Fornecido Revista IstoÉ
Dinheiro.
Por: Paula Cristina.
Portal MSN.
LINK:
https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/tempestade-na-economia/ar-AASwe2D?ocid=msedgntp
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