BETH CARVALHO, DIZ: “O SAMBA CURA TUDO”. SERÁ? E OS MALES DO QUAQUÁ?
Após um ano e meio longe dos palcos, Beth Carvalho se apresenta, sábado, prepara CD e separa a fantasia para desfilar na Mangueira, que homenageia Nelson Cavaquinho.
POR SARA PAIXÃO
Rio - Com o instrumento que ganhou de Nelson Cavaquinho em 1972, ao gravar ‘Folhas Secas’, em punho, Beth Carvalho pede ao fotógrafo Fernando Souza de O Dia: “Não pega a cadeira de rodas, é meio deprê”. A cantora tem sua razão. Afinal, o motivo de sua entrevista é seu feliz retorno aos palcos, marcado para sábado, no Sesc Rio Noites Cariocas, no Píer Mauá, após um ano e meio longe, devido a uma fissura do osso sacro na coluna.
“Estou tão animada que estou andando sem muletas. Aí, levanto as muletas e penso: ‘Estou andando, reaprendendo a andar com 64 anos!”, comemora ela que, por isso, logo na abertura do show, vai cantar uma música dedicada a esse novo momento. “É de um compositor que nunca gravei”, diz ela, que guarda a sete chaves o nome da canção. No repertório, além dos sucessos que os fãs estão saudosos de ouvir, a cantora preparou um pot-pourri de marchinhas e sambas-enredos para celebrar a proximidade do Carnaval.
A cantora compara sua volta aos palcos à música de Luiz Carlos da Vila, ‘O Show Tem que Continuar’ e não vê a hora de desfilar na Mangueira.
“Estou louca para desfilar na Mangueira. Sou autora do enredo sobre o Nelson Cavaquinho junto com o Sérgio Cabral. Venho no carro de Cartola, tendo a estátua do homenageado sentada ao meu lado num botequim”, revela.
Mas a separação forçada do palco não significou menos festa na vida de Beth Carvalho. “O samba cura tudo. Teve muita roda aqui em casa. Meus parentes e amigos foram maravilhosos. O Natal e o Ano Novo vieram até mim”, diverte-se ela, que também motivou todo tipo de oferendas. “Veio de tudo aqui em casa, do candomblé, umbanda, crente, candomblé cubano, padre, todo mundo veio rezar por mim”, conta.
Quando as dores na coluna passaram, Beth enfrentou um novo desafio. “Você pensa que é fácil dirigir uma cadeira de rodas? Tem que ter carteira (risos). E nem a todo lugar eu posso ir, como o Samba Luzia (no Centro), que tem uma escadaria enorme. Banheiro então nem se fala. A maioria dos lugares não possui banheiro adaptado. Acham que cadeirante tem que ficar em casa, e olha que eu não sou, estou”, desabafa.
Em casa, as novelas e a música eram a distração. Beth garimpou canções para o próximo CD, ‘Brasileiríssima’, e ouviu muito a cantora baiana Mariene de Castro. “Ela vai acontecer. É a melhor intérprete de Roque Ferreira (compositor)”, aposta, no melhor estilo madrinha do samba.
| Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
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