A ENERGIA NUCLEAR PODE AJUDAR A REDUZIR AS EMISSÕES POLUIDORAS.
A Eletronuclear divulgou hoje bons números para mostrar o papel das usinas atômicas para garantir energia com menos mudanças climáticas. O grande argumento da empresa estatal é a capacidade de as nucleares fornecerem energia complementar às hidrelétricas. As nucleares ajudariam a atender à demanda nos períodos de estiagem, quando a produção das barragens precisa ser reduzida.
O estudo da Eletronuclear compara a eletricidade das usinas nucleares com a das termelétricas (a gás, carvão e óleo combustível), usadas regularmente para complementar a produção hidrelétrica no Brasil. Segundo o levantamento, as emissões de gases de efeito estufa do setor elétrico seriam, em 2006, 3% maiores se, ao invés da energia nuclear, a mesma participação de fontes fósseis estivesse gerando eletricidade.
O estudo foi feito pela Ecen Consultoria, para a Eletronuclear. A Ecen também estimou o quanto a energia nuclear reduziria em emissões poluentes se for colocado em prática o plano nacional de energia do governo federal, que prevê mais usinas em operação. Se a participação das nucleares na capacidade instalada do Brasil subir dos atuais 1.950 megawatts para 7.300 até 2030, como prevê o plano, as usinas atômicas evitariam o lançamento de 437 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Seria o equivalente a 19% das emissões.
O estudo analisou o ciclo atual de produção da energia nuclear. Contou todas as fases do processo: da mineração do urânio, passando pela construção do reator, incluindo a fase de geração e até o desmonte do reator. Só não considerou o depósito final dos resíduos nucleares, porque isso ainda não existe no Brasil.
As nucleares são vistas hoje como um caminho para garantir o fornecimento de eletricidade com fontes que não contribuem para o aquecimento global. Países com planos ambiciosos de redução nas emissões apostam em novas nucleares para abastecer a população. Mas não está claro se essa é a melhor opção para o Brasil. Ainda falta entender melhor os custos da energia nuclear, considerada a opção mais cara entre as disponíveis para o Brasil. Para complicar, o gasto com energia nuclear no Brasil, além de dominado por estatais, é disfarçado em vários subsídios ocultos. Mas os números recentes sobre as emissões podem ajudar nesse debate.
Revista ÉPOCA. (Alexandre Mansur)
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