PSIQUIATRAS TRAÇAM PERFIL DE WELLINGTON A PARTIR DE VÍDEOS.
A falta de expressão facial revelaria incapacidade de estabelecer vínculos afetivos.
       A divulgação de vídeos encontrados no computador de Wellington Menezes de Oliveira, dias após o massacre em Realengo, deu margem a que psicólogos e psiquiatras descrevessem o perfil do matador.
      As gravações apresentam um coquetel de fantasias e delírios que se agravaram ao longo dos dias que antecederam o ataque, resultando na morte de doze crianças.
      Para o psiquiatra forense Guido Palomba, o caso de Wellington é a clássica de esquizofrenia paranóide. Palomba, que já atendeu a assassinos mentalmente perturbados, acredita que havia uma separação entre o mundo real e o universo mental de Wellington.
       “Ele passou de perseguido a perseguidor, sofreu de alucinações auditivas, ao ouvir vozes, e delirou com intensidade, principalmente no último vídeo”, comenta. A falta de expressão facial (hipomimia) revelaria incapacidade de estabelecer vínculos afetivos, típicos de quem vive em isolamento.
       Formado em Yale, o psiquiatra forense Felipe Suplicy enfatiza que, apesar da premeditação, o atirador não seria um psicopata – um assassino frio, tão incapaz de controlar seus impulsos quanto de sentir algum tipo de remorso.
       A história familiar de esquizofrenia, o afeto pouco desenvolvido e os delírios sobre irmãos e fiéis apontariam para transtorno de personalidade. Suplicy aponta um dado essencial. Apesar das fantasias grandiosas e ilógicas sobre religião, a matança foi planejada com método.
       “Ele foi claro ao dizer que estava motivado por ódio e que iria se livrar de seu sofrimento – que, possivelmente era real”, diz. A pedido do site de VEJA, Palomba e Suplicy assistiram detidamente aos vídeos e apontaram o que se passaria na cabeça confusa de Wellington a cada momento de sua narrativa.
Revista VEJA online. André Vargas

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