OS SENHORES DO VENTO
Empresas como CPFL Energias Renováveis, Cemig e Renova estão investindo mais de R$ 25 bilhões na geração de energia eólica.
Empresas como CPFL Energias Renováveis, Cemig e Renova estão investindo mais de R$ 25 bilhões na geração de energia eólica.
Os ventos têm conspirado a favor da energia eólica no Brasil. A geração de eletricidade por enormes cata-ventos, cujos primeiros registros históricos datam do ano 200 a.C., ganhou fôlego há cerca de seis anos, quando o País optou por ampliar sua matriz energética, ou seja, as fontes de eletricidade em território nacional, reduzindo a dependência das usinas hidrelétricas.
Hoje, o Brasil quer liderar a corrida da geração de energia renovável no mundo, capitaneada pela China, seguida pelos Estados Unidos, e se transformar, também, em plataforma de exportação de equipamentos para a construção de usinas eólicas. Recursos não faltam.
Desde que o governo começou a atrair as empresas do setor para montar a cadeia de valor em torno da energia renovável, por meio do Programa de Incentivo às Fontes de Energia Renováveis (Proinfa), no final de 2004, mais de R$ 25 bilhões foram investidos por empresas geradoras, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica).
Aos investimentos dos novos senhores do vento, somam-se os já decididos pelos fornecedores de equipamentos, como os geradores e as pás dos enormes cata-ventos. Grandes grupos globais, como o dinamarquês Vestas, o francês Alstom e o americano GE, estão instalando fábricas no País para acompanhar o ritmo de expansão de energia eólica.
Atualmente, as empresas de geração ditam o ritmo dos negócios na busca por escala da produção de energia, dando origem a um processo de concentração via fusões e aquisições. Quem tiver mais bala na agulha vai dominar o segmento.
O primeiro lance bilionário foi dado pela CPFL, uma das maiores geradoras e distribuidoras do País, que adquiriu primeiramente a franco-portuguesa SIIF Énergies, por R$ 1,5 bilhão, no início de abril, e há três semanas fundiu seus ativos na área de energia renovável com a Ersa, controlada pelos fundos de private equity Pátria, Eton Park e BTG Pactual.
A fusão deu origem à CPFL Energias Renováveis, que nasce com ativos avaliados em R$ 4,5 bilhões, líder do setor de energia não convencional, e dona de uma fatia de 6,5% do mercado. Impressionantes, esses números revelam apenas o primeiro grande lance de um movimento bilionário em curso no País.
Tanto da CPFL, como dos demais atores dessa desse processo. “O mercado de energia eólica passará por uma consolidação”, afirma Miguel Saad, copresidente da CPFL Energias Renováveis. “Avaliamos novas oportunidades.”
Segundo ele, a companhia tem R$ 5 bilhões em caixa para novas aquisições nos próximos três anos. “Fomos criados para sermos líderes desse segmento”, diz Saad.
A Cemig, empresa de geração de Minas Gerais, por outro lado, não quer ficar atrás e já prepara um lance ambicioso, depois de desenvolver uma experiência mais modesta, há dois anos, quando adquiriu 49% da empresa Impsa Wind, por R$ 213 milhões. Fontes do mercado garantem que a empresa mineira está a um passo de fechar a aquisição de um projeto grande de geração na Bahia.
A companhia não detalha a operação, mas não nega o interesse no potencial energético baiano. “Estamos, sim, olhando as oportunidades para fazer aquisições, não apenas na Bahia, mas em todo o País”, afirma José Cléber Teixeira, diretor de desenvolvimento de negócios da estatal. “Aqui na Cemig, a busca de fontes renováveis se tornou uma religião.”
Na Bahia, aliás, a energia eólica também se transformou numa espécie de mantra para o governo local.
O Estado garantiu benefícios fiscais para as empresas que queiram investir no setor e já soma atualmente 67 parques eólicos em desenvolvimento, tocados por cerca de 10 empresas geradoras.
“Temos 35% do potencial eólico de todo o País”, afirma James Correia, secretário de Indústria e Comércio da Bahia.
Não por acaso, a espanhola Gamesa e a Alstom já estão construindo suas fábricas pelo interior baiano. “São mais de R$ 20 bilhões em projetos sendo avaliados aqui”, diz Correia. Uma das companhias que mais apostam no potencial eólico do Estado é a empresa de geração Renova, de São Paulo, que tem entre seus sócios o banco Santander, os fundos InfraBrasil e FIP Caixa Ambiental, cujos cotistas são alguns dos mais importantes fundos de pensão brasileiro.
Revista ISTOÉ DINHEIRO. Por Carla Jimenez, Hugo Cilo e Sergio Spagnuolo.
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