A menos de um mês do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a maior parte dos vestibulandos estuda num ritmo acelerado, muitos com aulas de reforço. Os alunos do Colégio Pedro II, no entanto, vivem outra realidade: seus professores estão em greve há 45 dias.
Hoje, uma assembleia pode pôr fim à paralisação, mas, mesmo assim, os estudantes foram obrigados a buscar alternativas para chegar ao dia D bem preparados.
Apesar de apoiar o movimento, Beatriz Victória, de 18 anos, aluna da unidade Centro, tenta driblar a falta de aulas fazendo provas antigas.
— Eu estou me virando em casa mesmo. Refaço provas antigas, uma professora de história manda material pela internet e ajuda também. O problema é perder o ritmo porque, em casa, não estudo do mesmo jeito. Sou contra fazer cursinho, o colégio dá a base necessária para o vestibular — afirma.
Os estudantes poderiam solicitar ao comando de greve ter aulas excepcionalmente em função do vestibular. Mas, após uma consulta dos grêmios de cada unidade, a decisão foi de apoio a docentes e técnicos.
Durante a greve, os professores promovem algumas atividades pedagógicas, como seminários e exibições de filmes seguidas de debate com os alunos. Beatriz Victória participa dos eventos e acredita que, por abordarem temas atuais, como as revoltas no Oriente Médio, ajudam na preparação para o Enem.
A diretora de políticas externas do grêmio da unidade Centro, Gabriela Nascimento, concorda.
— As palestras são interessantes para o 3 ano. A greve não determina a aprovação ou não no vestibular. O Pedro II não visa a essas provas, é um colégio que forma cidadãos conscientes. No Enem, vale o que aprendemos durante todo o ensino médio.
Claro que um mês de greve pode prejudicar, mas não é determinante. Toda greve tem ônus e bônus. E estamos discutindo também reivindicações dos alunos — diz Gabriela, de 19 anos, que vai fazer vestibular para Serviço Social.
Já Rafael Santos de Macedo, aluno da unidade Humaitá, preferiu aumentar a carga horária no cursinho para não ter o rendimento prejudicado. Na sua opinião, quem não pegou reforço em todas as disciplinas sai atrás na disputa.
— Comecei fazendo aula de matemática, física, química e redação porque quero fazer Engenharia de Produção. Com a greve, puxei as outras. No meu caso, a greve foi boa porque pude me dedicar só ao cursinho, e meus resultados nos simulados melhoraram — conta.
Para o coordenador-geral do Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II, Selmo Nascimento da Silva, se não houvesse greve, o prejuízo aos estudantes seria muito maior.
— Ano passado, os alunos do Engenho Novo ficaram seis meses sem professor de sociologia. Quem está matriculado no curso técnico de Administração ainda não teve aula por falta de docentes este ano. Estamos em uma situação precária — diz ele, que aponta a realização de concursos e reajustes salariais como as principais reivindicações.
Jornal EXTRA online. Leonardo Cazes (leonardo.cazes@oglobo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário