PM acusado de envolvimento na morte de juíza se apresenta na DH
Soldado teria indicado o endereço de Patrícia Acioli aos executores do assassinato no Rio - O soldado da Polícia Militar Handerson Lents Henriques da Silva se apresentou na Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, na manhã desta sexta-feira. O PM teve prisão temporária decretada nesta quinta pelo juiz Petersen Barroso Simão, da 3ª Vara Criminal de Niterói.
Handerson prestou depoimento na presença do defensor público Leonardo Rosa Melo da Cunha.
O policial, lotado no 12º BPM (Niterói) teria indicado o endereço da juíza Patrícia Acioli aos executores do assassinato, no dia 11 agosto, em Niterói. Ele é o 11º PM acusado de envolvimento na morte da magistrada. Segundo o advogado, o depoimento foi esclarecedor.
"O soldado Lents queria prestar esclarecimentos antes mesmo da prisão ser decretada. Ele levou os policiais até a residência da juíza, mas não desconfiou da verdadeira intenção dos PMs. Eles diziam investigar o ex-companheiro da Patrícia", revelou o defensor.
O carro de Patrícia foi crivado de tiros. Pelo menos onze projéteis atingiram a magistrada quando ela chegava em sua casa, em Piratininga, Niterói | Foto: Severino Silva / Agência O Dia.
Lents conheceu a residência da magistrada quando foi acionado para uma ocorrência, após confusão envolvendo o companheiro da magistrada, o também PM Marcelo Poubel. Lents teria se encontrado com Daniel dos Santos Benitez, Sérgio Costa Júnior e Jeferson de Araújo Miranda, em Niterói, antes de realizar uma vistoria nos arredores da casa com o grupo.
O soldado Lents, Alex Ribeiro Pereira e Jefferson de Araújo foram denunciado pelo Ministério Público à Auditoria de Justiça Militar por extorsão, roubo e posse de droga, em 2008.
Eles e mais dois PMs do 7º BPM à época, prenderam acusado de tráfico e exigiram R$ 2,5 mil para libertá-lo. Apesar de terem pego R$ 1,2 mil com a vítima, ligaram para o traficante ‘Calcinha’ ou ‘Mete bala’ e pediram R$ 2,5 mil. Antes de receber, foram presos pela 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar.
Exonerado e preso
O tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, suspeito de ser o mandante da morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada no dia 11 agosto em Niterói, foi exonerado do comando do 22º BPM (Maré) e preso desde o início da madrugada da última terça-feira. Comandante do 7º BPM (São Gonçalo) na época da morte da magistrada, o oficial teve prisão decretada pela Justiça do Rio no final de segunda-feira. 
O cerco aos PMs começou após o depoimento à Justiça de um PM que participou do assassinato da juíza. Ele aceitou a delação premiada —redução de pena para colaborar com a polícia.
Admitiu ter atirado em Patrícia e contou como funcionava o esquema de corrupção no batalhão e como Benitez arquitetou cada passo do crime.
Segundo o delator, Benitez, que comandava o Grupo de Ações Táticas (GAT) do batalhão, começou a falar, em maio, que Patrícia prejudicava o esquema de corrupção, como extorsões a bandidos. ‘Lucros’, chamados de ‘espólio’, seriam divididos com o tenente-coronel Cláudio Luiz.
Benitez teria decidido matar a juíza ao saber que ela decretaria a prisão dele e de sete PMs do GAT sob a acusação da morte de Diego Beliene, no Complexo do Salgueiro, São Gonçalo. No dia do crime, Benitez e o cabo Jovanis Falcão foram ao Fórum de São Gonçalo de carro e outro veículo, usado na cobertura, ficaria perto de posto da PM em Piratininga, Niterói.
Benitez dirigiu a moto que seguiu a juíza até a porta de casa dela e teria sumido com as armas do crime.
Conhecida pelo seu rigor contra grupos de extermínios formados por PMs, Patrícia Acioli tinha 47 anos
Celas individuais em Bangu 1
Bangu 1, no Complexo de Gericinó, prisão de segurança máxima destinada a criminosos de alta periculosidade, foi o destino de oito dos dez PMs presos acusados da morte da juíza Patrícia Acioli, entre eles, o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira.
Todos estão em cela individual. Com exceção do oficial, estão na mesma galeria. Eles podem tomar banho de sol, mas não juntos, e receber visita, desde que cadastradas na Secretaria de Administração Penitenciária.
Até esta quarta-feira ninguém havia feito cadastro. No total, Bangu 1 ficou com 15 presos, entre eles Ricardo Severo, o Faustão, do Complexo do Alemão, e detentos acusados de tráfico internacional.
14º BPM teria ‘espólio’ maior
A ida do tenente-coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira para o 14º BPM (Bangu) era a oportunidade que os PMs do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM esperavam para aumentar o ‘espólio’ — lucros de apreensões e extorsões. Grupo era chefiado pelo tenente Daniel Benitez.
Segundo o depoimento de um cabo, o espólio em Bangu seria maior já que o grupo havia tomado duro golpe nos lucros após a prisão de dois cabos integrantes do grupo determinadas pela juíza. No relato, o cabo diz que o oficial estava cotado para assumir o 14º BPM.
Mas o comandante foi transferido para o 22º BPM (Maré). Ele contou que o tenente Benitez chegou a convidar a equipe para ir para o 14º BPM e que lá ele comandaria o GAT.
Tiros com o carro em movimento
A perícia no carro da juíza Patrícia Acioli mostrou que os assassinos atiraram com o veículo ainda em movimento, assim que a magistrada chegou à porta de sua casa.
Houve disparos que entraram em linha reta na lataria e outros, em diagonal. Patrícia foi atingida por 21 tiros de revólver calibre 38 e pistola calibre 40, ambas armas usadas pela PM, e também de 45, de uso restrito. Segundo o laudo cadavérico, a maioria dos ferimentos foi no tronco e no pescoço.
Conforme O DIA noticiou com exclusividade em 22 de agosto, parte das balas que mataram a juíza era de um lote de munição comprado pela Polícia Militar.
A investigação ainda procura identificar as armas usadas no crime. A Polícia Civil recolheu mais de 700 armas no 7º BPM (São Gonçalo) para confrontar laudos de balística com os projéteis recolhidos no corpo de Patrícia Acioli.
Jornal O DIA online

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