Baixos salários, ausência de planos de saúde ou auxílio-refeição e excesso de horas extras estão entre as reivindicações de operários que promoveram greves nos canteiros de obras onde em breve serão realizados os jogos da Copa do Mundo de 2014.
As obras para a construção ou reforma dos estádios em Brasília, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já tiveram paralisações neste ano. A saída para o problema se dá entre cada construtora e seus funcionários. Uns voltam contentes ao trabalho, outros nem tanto.
Enquanto isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) alerta para uma cifra de gastos excedentes com turnos adicionais dos trabalhadores na ordem de 720 milhões de reais. Em regime de urgência, as obras de estádios para a Copa trabalham manhã, tarde e noite, para que não haja atraso na entrega. Ao todo, serão 16 estádios erguidos às pressas.
Resta saber se a previsão não vai crescer ainda mais – já que, no fim do mês passado, os operários que trabalhavam na construção do Estádio Nacional em Brasília, reivindicavam aumento do valor pago pelas metas de produtividade e horas extras, além de plano de saúde, cesta básica, auxílio-refeição e melhores condições de trabalho.
Divididos em três turnos, cerca de 3 mil operários trabalhavam na construção do estádio antes da paralisação. Isso porque a obra do Estádio Nacional de Brasília é uma das mais adiantadas do país.
Na obra de construção do estádio Arena, em Recife, os cerca de 1,4 mil funcionários da Construtora Odebrecht que trabalham na construção da Arena Pernambuco cruzaram os braços em meados de outubro, dando início a uma paralisação de advertência de 24 horas.
Eles reivindicavam aumento salarial e do valor da cesta básica. Os montadores de andaimes industrial querem que o piso salarial, hoje 897 reais, seja adequado aos pagos aos profissionais de outras obras, como as do Porto de Suape, onde o valor médio chega a 1,2 mil reais.
A primeira greve dos operários das obras de modernização do Estádio do Maracanã teve início em agosto após um acidente que deixou um trabalhador ferido. Na segunda paralisação, os cerca de 2 mil grevistas reivindicaram aumento do valor do vale-refeição, plano de saúde e elevação do piso salarial.
Uma paralisação geral pode acontecer até o início de 2012, de acordo com a União Geral dos Trabalhadores, em entrevista ao site G1. A intenção não é a de atrasar as obras, mas “enquanto não houver conscientização por parte dos contratantes quanto à magnitude do que se tem pela frente, a situação tende a se manter na corda bamba”, afirmou o presidente da entidade Ricardo Patah.
A situação soa como um deja vu para Fifa, organizadora do evento. Em 2010, no mundial ocorrido na África do Sul, aproximadamente 35 mil empregos foram gerados no país.
No entanto, quem conseguiu as vagas não ficou satisfeito com o salário, nem com as condições de trabalho. De acordo com a reportagem do jornal Folha de S. Paulo, quando a obra tem que ser feita de forma urgente o que pesa no aumento dos custos são os encargos trabalhistas.
“Num empreendimento normal, o valor gasto com encargos equivale a 113% do salário do trabalhador da construção civil, segundo estudos de órgãos de controle.
Quando há turnos extras e à noite, esse índice vai a 145%”, diz a reportagem. Para o presidente do Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco ), José Roberto Bernasconi, “faltou controle para a gestão, o tempo foi perdido.” E, como mostra a experiência, quanto mais tempo perdido, mais dinheiro para o ralo.
CARTA CAPITAL. Obras do estádio Nacional, em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr./ABr
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