HÁ VAGAS PARA NOVAS LIDERANÇAS.
Ao não discursar na manifestação de defesa dos royalties do petróleo, que reuniu milhares de pessoas na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral deu uma clara demonstração de falta de liderança.
Circula bem entre poderosos – apesar de não estar sabendo lidar bem com a presidente e com os representantes do Rio no Congresso – mas perde cada vez mais o traquejo com o público, ao qual por vezes qualifica de vândalo e vagabundo, dependendo do assunto e da oportunidade de mostrar sua força.
O evento, da maior importância, que provocou um ponto facultativo na cidade, com transportes gratuitos na parte da tarde, reuniu cariocas em torno de uma causa que representa a saúde econômica do Estado e dos municípios. Mas muitos deixaram de comparecer.
Talvez, em função de quem ocuparia o palanque principal. Por um lado, o prefeito Eduardo Paes não é um bom orador e tem uma trajetória política confusa. Fez parte de uma oposição dura ao ex-presidente Lula, mas, no final, pela força das circunstâncias, deu as costas para os tucanos e beijou a mão do ex-presidente, pregando a estrela petista na lapela – e se transformou no principal aliado do PMDB na cidade.
Até quando, não se sabe. Os ventos podem mudar de direção. A administração de Cabral, por sua vez, é marcada por aspectos muito contraditórios.
Bons por um lado, muito ruins por outro, o que impede que a população o reconheça como uma liderança confiável.
Os êxitos da política de segurança de José Mariano Beltrame, por exemplo, reforçados ontem pela prisão de Nem, o chefe do crime organizado da Rocinha, a principal favela da Zona Sul da cidade, contrastam com denúncias de superfaturamento de obras e serviços, além de favorecimento de empreiteiras no Estado.
Sem falar das frequentes viagens do governador ao exterior e do abandono das obras de recuperação da Região Serrana, depois das trágicas chuvas de janeiro de 2011.
Também está muito presente na memória dos fluminenses o triste episódio de Porto Seguro, BA, em que morreram pessoas próximas a Cabral, mas que o revelou voando no avião de um mega empresário rumo à festa de um grande empreiteiro que detém milhões de reais em contratos com o seu governo.
Portanto, fatos que orgulham ao lado de outros que envergonham muito e afastam muita gente de qualquer tipo de evento promovido pelo governador do Estado, ainda que oportunos.
É como se o Estado fosse governado ora pelo Dr. Jeckyll ora por Mr. Hyde, lembrando o célebre romance “O Médico e o Monstro”, de Robert Louis Stevenson. Como confiar?
Mas as causas justas merecem o apoio da população, a despeito do desconforto de presenças duvidosas nos palanques. No grito do povo do Rio de Janeiro contra uma injustiça que poderá se concretizar num futuro bem próximo, o  governador não pôde falar.
CARTA CAPITAL. Edgard Catoira.  Defesa do Rio pela avenida Rio Branco. Fotógrafo: Vanor Correia/Divulgação



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