O sítio do paisagista, na zona Oeste da cidade, é o centro em torno do qual se instalaram centenas de hortos e pequenos produtores
O sítio de Roberto Burle Marx (1909-1994) é um reduto peculiar no Rio de Janeiro. Encravado em Guaratiba, na zona Oeste da cidade, abriga uma impressionante coleção de 3.500 espécies de plantas oriundas de dezenas de países, reunidas pelo paisagista, que ali viveu, criou mais de dois mil jardins e recebeu amigos ao longo de quatro décadas.
Esse é o lado conhecido da história. O outro lado é que o sítio está na origem de uma forte vocação econômica para o entorno da Serra da Grota Funda. Quando adquiriu a propriedade, Burle Marx contratou moradores de Guaratiba para trabalhar ali.
Eles puderam observar de perto suas experiências, aprenderam técnicas de cultivo mais sofisticadas do que as exigidas pela agricultura de subsistência. Em poucos anos, pessoas que haviam trabalhado no sítio começaram também a cultivar algumas espécies de plantas ornamentais.
A atividade floresceu e, hoje, Guaratiba abriga dezenas de hortos e pequenos e médios produtores que formam o Pólo de Plantas Ornamentais da Grota Funda, programa da secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário da prefeitura do Rio.
O pólo abriga realidades bem distintas. Ruth Sebastiana Nunes é uma pequena produtora de 53 anos, que não concluiu o ensino fundamental e por conta própria arrendou um terreno de 500 metros quadrados para iniciar a produção de plantas de forração. No terreno trabalham apenas Ruth, o filho e o ex-marido e sua produção é toda repassada para atravessadores da região.
Diferente e bem mais preparado é João Márcio de Melo. de 56 anos, dono da Green Island. João é Biólogo e trabalha com Bromélias há mais de 20 anos. Hoje possui só em áreas cobertas mais de 3.500 metros quadrados. Produz cerca de 150 espécies diferentes de bromélias e negocia sua produção diretamente com duas lojas no Rio de Janeiro.
Ambos estarão na mostra Jardins do Rio, organizada pela Sedes e pelo Sebrae, que ocupará . A ideia é reunir no mesmo espaço produtores, jardineiros, decoradores, arquitetos, artistas e consumidores, juntando as pontas de um negócio que pode fortalecer a economia da região, uma das que mais crescem na cidade. Será mais uma contribuição de Roberto Burle Marx ao Rio de Janeiro.
Revista VEJA online. Marcos Michael
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