"Sou a Fabiana. Namorei um rapaz por quase um ano. Mas ele era tão ciumento, me controlava tanto, que decidi por um ponto final. Terminamos. E, apesar de ainda gostar dele, quero retomar minha vida, sem esse namoro.
Nos últimos dias, no entanto, ele está me assustando. Não para de me ligar, diz que não consegue viver sem mim, que só eu consigo acalmá-lo... O que faço para ele entender que acabou?"
Pois é, e-mails como o da Fabiana, infelizmente, são uma constante. E então, pergunto: será que a vida se resume a uma relação com base no controle e no sofrimento?
Será que dá para ser feliz vivendo aprisionado ou aprisionando? Aquele que aprisiona e controla é o mais aprisionado e controlado. Tem de ter 100% do seu tempo disponível, para poder saber da vida do outro. E, pobre, pensa que está no comando! Que está assegurando sua relação, quando o que faz é exatamente o contrário: empurra o outro para longe.
Será que é possível uma relação com base na desconfiança, no desrespeito, no desamor?
O que afinal desperta esse sentimento que, associado à inveja, destrói nossas relações? Normalmente esse padrão de comportamento está ligado a crenças que trazemos da infância, à baixa autoestima, ao egoísmo, à inveja e outras coisas que só mesmo a partir de um trabalho de autoconhecimento é possível detectar, para, então, lidar melhor com o sentimento.
Enfim, o que fazer?
O que fazer quando a situação chegou a um limite tal que o risco é de morte? Quem não se lembra de Otelo, de Shakespeare, que matou Desdêmona, sua mulher, por ciúme? Ele tinha a certeza de uma traição que nunca existiu. É só ligarmos a TV para conhecermos histórias de outros tantos Otelos, Brasil afora.
Pois é! É para assustar mesmo.
O ciumento precisa se libertar desse padrão e passar a contar consigo mesmo para se desenvolver, entender os seus conflitos internos conscientes e inconscientes. Ninguém precisa de alguém ao ponto de prendê-lo em uma gaiola de ouro.
O parceiro, para se libertar, sofre todo o tipo de agressão e, em alguns momentos, sente-se também culpado pela situação.
Então, fica aqui o convite para a reflexão.  Para quem está entrando em um relacionamento desse tipo, o melhor é estabelecer regras claras e ter em mente o que aceita e não aceita. O que gosta e não gosta. Se perceber um nível exagerado de ciúmes e controle por parte do outro, há sempre duas possibilidades, convidar o outro a buscar ajuda ou sair do relacionamento.
Para aqueles que já estão dentro, dialogar, estabelecer regras e buscar ajuda para si e para o casal e convidar o outro a que faça o mesmo pode ser um bom começo.
Libertar-se desse problema demanda mais que vontade, promessas, desejo. Demanda autoconhecimento, capacidade de lidar com perdas, amor, demanda compromisso e coragem. Demanda humildade para reconhecer o problema e pedir ajuda.
Sim, porque olhar para dentro, olhar para a relação se desmoronando, olhar para o que estamos fazendo com nossas vidas não é tarefa fácil.
Por isso Fabiana, fica aqui o convite. Cuide-se. Ame-se e atenção às futuras escolhas. Converse com seu ex, se for necessário, em lugares públicos. Tente convidá-lo a buscar ajuda. Mostre a ele que se importa com seus sentimentos, mas que quer experimentar uma nova vida. Cuidar dos estudos, do trabalho, de você.
Fale dos seus sentimentos, de como se sente, dos seus sonhos. Não jogue toda a culpa pelo fracasso da relação nele, não assuma toda a culpa para você. Uma relação é construída a dois, e temos sim, 50% de responsabilidade sobre seu sucesso ou insucesso.
Fique com o que é seu e siga em frente. Leve essa experiência como um aprendizado para futuros relacionamentos. Para o que quer e não quer. Com o tempo, você verá que ficará mais forte para gostar somente do que gosta.
Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você — Histórias e Relacionamentos.
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